quinta-feira, abril 14, 2005

Mensagem para a Jornada Mundial dos MCS

Podemos considerar a morte do Santo Padre João Paulo II e seu funeral um dos mais vivos ícones do fenómeno da globalização. Levantaram-se os 4 cantos do mundo. Alguns chefes de Estado e milhares de pessoas houve que se movimentaram e foram à Praça de São Pedro em Roma. Mas os que ficaram acompanharam também como verdadeiros espectadores até ao pormenor do acontecimento. Tanto os que foram como os que tinham ficado, penso que estão bem informados. Não erramos se afirmarmos que o mundo assistiu ao maior funeral de todos os tempos. Foram os meios de Comunicação Social que levaram a Palavra e a imagem à casa, à vista e ao ouvido da gente.
João Paulo II sempre procurou levar o mundo a concretizar a profecia de Jesus: "o vos digo ao ouvido, proclamai-o sobre os telhados". Os meios de comunicação são imprescidíveis no hoje histórico para a Evangelização.

Pe. Pedro Gabriel Chombela
Director do Secretariado de Pastoral
e Coordenador do Secretariado da CEAST

Segue a mensagem que o nosso Papa defunto nos deixou para o dia Mundial dos meios de Comunicação Social

MENSAGEM DO PAPA JOÃO PAULO II
PARA A 39ª JORNADA MUNDIAL DAS COMUNICAÇÕES SOCIAIS

“Os meios de comunicação: ao serviço da compreensão entre os povos”

Queridos Irmãos e Irmãs

1. Lemos na Carta de São Tiago: “ De uma mesma boca procedem a bênção e a maldição. Não convem, meus irmãos, que seja assim” (Tg 3,10). As Sagradas Escrituras nos recordam que as palavras têm um extraordinário poder para unir as pessoas ou dividi-las, para criar vínculos de amizade ou provocar hostilidade.
Esta não é uma verdade que diz respeito somente ás palavras trocadas entre as pessoas. Aplica-se a toda comunicação, em qualquer lugar em qualquer nível. As modernas tecnologias nos oferecem possibilidades nunca vistas antes para fazer o bem, para difundir a verdade de nossa salvação em Jesus Cristo, e para promover a harmonia e a reconciliação. Por isso mesmo o seu mal uso pode provocar danos enormes, provocando incompreensão, preconceitos e até conflitos. O tema escolhido para a Jornada Mundial das Comunicações Sociais do ano 2005, “ Os Meios de Comunicação ao Serviço da compreensão entre os povos”, assinala uma necessidade urgente: promover a unidade da Família humana através da utilização destes maravilhosos recursos.

2. Um modo importante para se alcançar esta meta é a educação. Os meios podem mostrar a milhões de pessoas como são outras partes do mundo e outras culturas. Por isso são chamados acertadamente “ o primeiro areópago do tempo moderno” para muitos são o principal instrumento informativo e formativo, de orientação e inspiração para os comportamentos individuais, familiares e sociais” (Redemptoris missio, 37). Um conhecimento adequado promove a compreensão, dissipa os preconceitos e desperta o desejo de aprender mais. As imagens, em particular, têm a capacidade de transmitir impressões duradouras e modelar atitudes. Ensinam as pessoas a olharem os membros de outros grupos e nações, exercendo uma influência sutil sobre o modo pelo qual devem ser considerados; como amigos ou inimigos, aliados ou potenciais adversários.
Quando os demais são apresentados em termos hostis , semeiam sementes de conflito que podem facilmente converter-se em violência, guerra, e incluso genocídio. Em vez de construir a unidade e o entendimento, os meios podem ser usados para denegrir os outros grupos sociais, étnicos e religiosos, fomentando o temor e o ódio . Os responsáveis pelo estilo e o conteúdo daquilo que se comunica têm o grave dever de assegurar que isto não suceda. Realmente os meios têm um potencial enorme para promover a paz e construir pontes entre os povos, rompendo o círculo fatal da violência, vingança e as agressões sem fim, tão difundidas em nosso tempo. Nas palavras de São Paulo, que foi a base da mensagem para a Jornada Mundial da Paz deste ano: “ Não te deixes vencer pelo mal, antes vence o mal com o bem” (Rm 12,21).

3. Se esta contribuição à construção da paz é um dos modos significativos de como os meios podem unir as pessoas, têm também grande influência positiva para impulsionar as mobilizações de ajuda em resposta a desastres naturais ou outros. Tem sido comovente ver a rapidez com que a comunidade internacional respondeu ao recente Tsunami, que provocou inúmeras vítimas. A velocidade com que as notícias viajam hoje aumenta a possibilidade de se tomar medidas práticas em tempo útil para oferecer a melhor assistência. Desta maneira, os meios podem conseguir um bem muito grande.

4. O Concilio Vaticano II nos recorda: “ Para o reto uso destes meios é absolutamente necessário que todos os que servem deles conheçam e ponham fielmente em prática neste campo, as normas da ordem moral”. (Inter Mirifica, 4).
O princípio ético fundamental é este : “A pessoa e a comunidade humanas são a finalidade e a medida do uso dos meios de comunicação social : a comunicação deveria realizar-se de pessoa a pessoa, para o desenvolvimento integral das mesmas” (Ética nas comunicações sociais, 21). Assim sendo, são os comunicadores que devem em primeiro lugar colocar em pratica nas suas vidas os valores e atitudes que são chamados a cultivar nos demais. Antes de tudo deve se incluir um autêntico compromisso com o bem comum, um bem que não se reduza aos estreitos interesses de um grupo particular ou nação, se não que acolha as necessidades e interesses de todos, o bem da família humana ( cf. Pacem in Terris,132). Os comunicadores têm a oportunidade de promover uma autêntica cultura da vida, distanciando-se da atual conjuntura contra a vida (cf. Evangelium vitae, 17) transmitindo a verdade sobre o valor e a dignidade de toda pessoa humana.

5. O modelo e a pauta de toda comunicação encontra-se no próprio Verbo de Deus “ de muitos modos falou Deus a nossos pais por meio dos profetas; nestes últimos tempos nos falou por meio do seu Filho” (Heb 1,1). O Verbo encarnado estabeleceu uma nova aliança entre Deus e seu povo, uma aliança que também nos une, convertendo-nos em comunidade. “ De fato, ele é a nossa paz: de dois povos fez um só povo, em sua carne derrubando o muro da inimizade que os separava (Ef 2,14)
Minha Oração na Jornada Mundial das Comunicações Sociais deste ano é que os homens e as mulheres dos meios de comunicação assumam seu papel para derrubarem os muros da divisão e a inimizade em nosso mundo, muros que separam os povos e as nações entre si e alimentam a incompreensão e a desconfiança. Oxalá usem os recursos que têm a sua disposição para fortalecer os vínculos de amizade e amor que são sinais claros do nascente Reino de Deus aqui na terra.

Desde o Vaticano, 24 de janeiro de 2005, festa de São Francisco de Sales.

JOANNES PAULUS II

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