terça-feira, dezembro 27, 2005

Mensagem de Bento XVI para o Dia Mundial da Paz, 1 de Janeiro de 2006 (27.12.2005)

MENSAGEM DE SUA SANTIDADE BENTO XVI
PARA A CELEBRAÇÃO DODIA MUNDIAL DA PAZ
1 DE JANEIRO DE 2006

NA VERDADE, A PAZ
1. Com a tradicional Mensagem para o Dia Mundial da Paz, ao início do ano novo, desejo fazer chegar afectuosos votos a todos os homens e mulheres da terra, e de modo particular a quantos sofrem por causa da violência e dos conflitos armados. São votos repletos de esperança por um mundo mais sereno, onde cresça o número daqueles que, individual ou comunitariamente, se empenham a percorrer os caminhos da justiça e da paz.
2. Desde já gostaria de prestar um sincero tributo de gratidão a meus predecessores, os grandes Pontífices Paulo VI e João Paulo II, clarividentes obreiros da paz. Animados pelo espírito das Bem-aventuranças, souberam ler, nos numerosos acontecimentos históricos que marcaram os respectivos pontificados, a intervenção providencial de Deus que jamais Se esquece da sorte do género humano. Repetidas vezes, como infatigáveis mensageiros do Evangelho, convidaram toda a pessoa a recomeçar de Deus para se conseguir promover uma convivência pacífica em todas as regiões da terra. É na esteira deste nobilíssimo ensinamento que se coloca a minha primeira Mensagem para o Dia Mundial da Paz: através dela, desejo uma vez mais reiterar a firme vontade da Santa Sé de continuar a servir a causa da paz. O próprio nome — Bento — que escolhi no dia da eleição para a Cátedra de Pedro, pretende indicar o meu convicto empenho a favor da paz. De facto, com ele quis fazer alusão seja ao Santo Patrono da Europa, inspirador de uma civilização pacificadora no Continente inteiro, seja ao Papa Bento XV, que condenou a I Guerra Mundial como um « inútil massacre » [1] empenhando-se para que fossem reconhecidas por todos as razões superiores da paz.
3. O tema de reflexão deste ano — « Na verdade, a paz » — exprime esta convicção: sempre que o homem se deixa iluminar pelo esplendor da verdade, empreende quase naturalmente o caminho da paz. A constituição pastoral Gaudium et spes do Concílio Ecuménico Vaticano II, concluído há 40 anos, afirma que a humanidade não conseguirá « construir um mundo mais humano para todos os homens, a não ser que todos se orientem com espírito renovado para a verdade da paz ». [2] Mas que significados pretende sugerir a expressão « verdade da paz »? Para se responder de maneira adequada a tal questão, é preciso ter em conta que a paz não pode ser reduzida a simples ausência de conflitos armados, mas tem de ser entendida como « um fruto da ordem que o divino Criador estabeleceu para a sociedade humana », uma ordem « que deve ser realizada pelos homens, sempre anelantes por uma mais perfeita justiça ». [3] Enquanto resultado duma ordem planeada e querida pelo amor de Deus, a paz possui uma intrínseca e irresistível verdade própria e corresponde « a um anseio e a uma esperança que vivem indestrutíveis em nós ». [4]
4. Assim delineada, a paz configura-se como dom celeste e graça divina, que requer, a todos os níveis, o exercício da nossa responsabilidade maior que é a de conformar — na verdade, na justiça, na liberdade e no amor — a história humana à ordem divina. Quando vem a faltar a adesão à ordem transcendente das coisas, assim como o respeito daquela « gramática » do diálogo que é a lei moral universal escrita no coração do homem, [5] quando fica obstaculizado e impedido o progresso integral da pessoa e a tutela dos seus direitos fundamentais, quando muitos povos são obrigados a suportar injustiças e desigualdades intoleráveis, como se pode esperar na consecução do bem da paz? De facto, faltam aqueles elementos essenciais que dão forma à verdade deste bem. Santo Agostinho descreveu a paz como « tranquillitas ordinis », [6] a tranquilidade da ordem, ou seja, aquela situação que, em última análise, permite respeitar e realizar cabalmente a verdade do homem.
5. E, então, quem e que coisa pode impedir a realização da paz? A este respeito, a Sagrada Escritura põe em evidência, no seu primeiro livro — o Génesis —, a mentira, pronunciada ao início da história pelo ser de língua bífida que o evangelista João designa como « pai da mentira » (Jo 8, 44). E a mentira é também um dos pecados que lembra a Bíblia no último capítulo do seu último livro — o Apocalipse —, ao referir a exclusão dos mentirosos da Jerusalém Celeste: « Ficarão de fora (...) todos os que amam e praticam a mentira » (22, 15). Com a mentira, está ligado o drama do pecado com as suas consequências perversas, que causaram, e continuam a causar, efeitos devastadores na vida dos indivíduos e das nações. Basta pensar naquilo que aconteceu no século passado, quando aberrantes sistemas ideológicos e políticos mistificaram de forma programada a verdade, levando à exploração e à supressão de um número impressionante de homens e mulheres, exterminando mesmo famílias e comunidades inteiras. Depois destas experiências, como não sentir-se seriamente preocupado diante das mentiras do nosso tempo, que enquadram cenários ameaçadores de morte em não poucas regiões do mundo? A busca autêntica da paz deve partir da consciência de que o problema da verdade e da mentira diz respeito a cada homem e mulher e aparece como decisivo para um futuro pacífico do nosso planeta.
6. A paz é anseio irreprimível presente no coração de cada pessoa, independentemente das suas identidades culturais específicas. Por isso mesmo, cada um deve colocar-se ao serviço de um bem tão precioso, trabalhando para que não se insinue qualquer forma de falsidade que venha contaminar a convivência. Todos os homens pertencem a uma única e mesma família. A excessiva exaltação das próprias diferenças contrasta com esta verdade basilar. É preciso recuperar a consciência de estarmos irmanados num mesmo e, em última análise, transcendente destino, para se poder valorizar da melhor forma as próprias diferenças históricas e culturais sem as contrapor mas, antes, harmonizando-as com os que pertencem a outras culturas. São estas verdades simples que tornam possível a paz; e são facilmente compreensíveis quando se escuta o próprio coração com pureza de intenção. A paz apresenta-se então de um modo novo: não como simples ausência de guerra, mas como convivência dos diversos cidadãos numa sociedade governada pela justiça, na qual se realiza também, na medida do possível, o bem de cada um deles. A verdade da paz chama todos a cultivarem relações fecundas e sinceras, estimula a procurarem e a percorrerem os caminhos do perdão e da reconciliação, a serem transparentes nas conversações e fiéis à palavra dada. De modo particular, o discípulo de Cristo, que se sente insidiado pelo mal e consequentemente necessitado da intervenção libertadora do divino Mestre, a Ele se dirige com confiança por saber que « Ele não cometeu pecado, e a sua boca não proferiu mentira » (1 Ped 2, 22; cf. Is 53, 9). Com efeito, Jesus definiu-Se a Verdade em pessoa e, falando em visão ao vidente do Apocalipse, declarou a sua total aversão a « todos os que amam e praticam a mentira » (Ap 22, 15). É Ele que manifesta a verdade total do homem e da história. Com a força da sua graça é possível estar na verdade e viver de verdade, porque só Ele é totalmente sincero e fiel. Jesus é a verdade que nos dá a paz.
7. A verdade da paz deve valer, e fazer valer o seu resplendor benéfico de luz, mesmo quando nos encontramos na trágica situação duma guerra. Os Padres do Concílio Ecuménico Vaticano II, na constituição pastoral Gaudium et spes, ressaltam que, « uma vez começada lamentavelmente a guerra, nem tudo se torna lícito entre as partes beligerantes ». [7] A Comunidade Internacional dotou-se de um direito internacional humanitário para limitar ao máximo, sobretudo nas populações civis, as consequências devastadoras da guerra. Em numerosas circunstâncias e com diversas modalidades, a Santa Sé manifestou o seu apoio a este direito humanitário, encorajando o seu respeito e pronta actuação, convencida de que existe, mesmo na guerra, a verdade da paz. O direito internacional humanitário deve ser incluído entre as expressões mais felizes e eficazes das exigências que derivam da verdade da paz. Por isso mesmo, o respeito de tal direito impõe-se como um dever para todos os povos. Há que apreciar o seu valor e garantir a sua correcta aplicação, actualizando-o com normas pontuais capazes de fazer frente aos mutáveis cenários dos conflitos armados em curso e também ao uso de novos armamentos cada vez mais sofisticados.
8. Penso com gratidão às Organizações Internacionais e a todos os que se esforçam quotidianamente pela aplicação do direito internacional humanitário. Como poderia aqui esquecer tantos soldados empenhados em delicadas operações que visam a conciliação dos conflitos e a restauração das condições necessárias para a realização da paz? A eles desejo recordar também estas palavras do Concílio Vaticano II: « Aqueles que se dedicam ao serviço da pátria no exército, considerem-se servidores da segurança e da liberdade dos povos; na medida em que se desempenham como convém desta tarefa, contribuem verdadeiramente para o estabelecimento da paz ». [8] Neste exigente âmbito, coloca-se a acção pastoral dos Ordinariatos Castrenses da Igreja Católica: tanto para os Ordinários militares como para os capelães militares vai o meu encorajamento para que, em toda a situação e ambiente, se mantenham fiéis evangelizadores da verdade da paz.
9. Hoje em dia, a verdade da paz continua a ser comprometida e negada, de maneira dramática, pelo terrorismo que, com as suas ameaças e acções criminosas, é capaz de ter o mundo em estado de ansiedade e insegurança. Os meus predecessores Paulo VI e João Paulo II intervieram diversas vezes para denunciar a tremenda responsabilidade dos terroristas e para condenar a insensatez dos seus desígnios de morte. De facto, tais desígnios estão inspirados por um niilismo trágico e desconcertante, que o Papa João Paulo II descrevia com estas palavras: « Quem mata, com actos terroristas, cultiva sentimentos de desprezo pela humanidade, manifestando desespero pela vida e pelo futuro: nesta perspectiva, tudo pode ser odiado e destruído ». [9] E não é só o niilismo; também o fanatismo religioso, hoje frequentemente denominado fundamentalismo, pode inspirar e alimentar propósitos e gestos terroristas. Intuindo, desde o início, o perigo dilacerante que representa o fundamentalismo fanático, João Paulo II estigmatizou-o duramente, acautelando contra a pretensão de impor com a violência, em vez de propor à livre aceitação dos outros, a própria convicção acerca da verdade. Assim escrevia ele: « Pretender impor aos outros com a violência aquela que se presume ser a verdade, significa violar a dignidade do ser humano e, em última instância, ultrajar a Deus, de quem ele é imagem ». [10]
10. Bem vistas as coisas, o niilismo e o fundamentalismo relacionam-se de forma errada com a verdade: os niilistas negam a existência de qualquer verdade, os fundamentalistas avançam a pretensão de poder impô-la com a força. Mesmo tendo origens diversas e sendo manifestações que se inserem em contextos culturais distintos, o niilismo e o fundamentalismo têm em comum um perigoso desprezo pelo homem e sua vida e, em última análise, pelo próprio Deus. Com efeito, na base deste trágico recurso está, em definitivo, a falsificação da verdade plena de Deus: o niilismo nega a sua existência e providencial presença na história; o fundamentalismo fanático desfigura a sua face amorosa e misericordiosa, substituindo-O por ídolos feitos à própria imagem. Ao analisar as causas do fenómeno contemporâneo do terrorismo, é desejável que, além das razões de carácter político e social, se tenham em conta também as mais profundas motivações culturais, religiosas e ideológicas.
11. Perante os riscos que a humanidade vive em nossa época, é dever de todos os católicos intensificar, em todas as partes do mundo, o anúncio e o testemunho do « Evangelho da paz », proclamando que o reconhecimento da verdade plena de Deus é condição prévia e indispensável para a consolidação da verdade da paz. Deus é amor que salva, Pai amoroso que deseja ver os seus filhos reconhecerem-se mutuamente como irmãos, procurando responsavelmente pôr os seus vários talentos ao serviço do bem comum da família humana. Deus é fonte inesgotável da esperança que dá sentido à vida pessoal e colectiva. Deus, e só Ele, torna eficaz qualquer obra de bem e de paz. A história demonstrou amplamente que, fazer guerra a Deus para extirpá-Lo do coração dos homens, leva a humanidade, assustada e empobrecida, para decisões que não têm futuro. Isto deve impelir os crentes em Cristo a fazerem-se testemunhas convictas de um Deus que é inseparavelmente verdade e amor, colocando-se ao serviço da paz numa ampla colaboração ecuménica e com as outras religiões e ainda com todos os homens de boa vontade.
12. Contemplando o actual contexto mundial, podemos com satisfação registar alguns sinais promissores no caminho da construção da paz. Penso, por exemplo, na diminuição numérica dos conflitos armados. Trata-se certamente de passos ainda muito tímidos na senda da paz, mas capazes já de perspectivar um futuro de maior serenidade, particularmente para as aflitas populações da Palestina, a Terra de Jesus, e para os habitantes de algumas regiões da África e da Ásia, que há vários anos esperam a conclusão positiva dos percursos iniciados de pacificação e reconciliação. São sinais consoladores que requerem, para ser confirmados e consolidados, uma acção concorde e diligente por parte sobretudo da Comunidade Internacional e dos seus Órgãos instituídos para prevenir os conflitos e dar solução pacífica aos que ainda perduram.
13. Mas, tudo isto não deve induzir a um ingénuo optimismo. De facto, não se podem esquecer os sangrentos conflitos fratricidas e as guerras devastadoras que ainda continuam, infelizmente, semeando lágrimas e morte em vastas zonas da terra. Há situações onde o conflito, que está latente como o fogo debaixo das cinzas, pode novamente alastrar causando destruições de alcance incalculável. As autoridades que, em vez de realizarem quanto está ao seu alcance para promoverem eficazmente a paz, fomentam nos cidadãos sentimentos de hostilidade contra outras nações, arcam com uma gravíssima responsabilidade: colocam em perigo, em regiões de alto risco, os delicados equilíbrios alcançados à custa de árduas negociações, contribuindo assim para tornar mais inseguro e nebuloso o futuro da humanidade. Além disso, que dizer dos governos que contam com as armas nucleares para garantir a segurança dos seus países? Juntamente com inúmeras pessoas de boa vontade, pode afirmar-se que tal perspectiva, além de ser funesta, é totalmente falaz. Numa guerra nuclear, não haveria realmente vencedores, mas apenas vítimas. A verdade da paz requer que todos — tanto os governos que de forma explícita ou tácita possuem armas nucleares, como os que pretendem consegui-las — invertam conjuntamente a marcha mediante opções claras e decididas, orientando-se para um progressivo e concordado desarmamento nuclear. Os recursos assim poupados poderão ser destinados para projectos de desenvolvimento em benefício de todos os habitantes e, em primeiro lugar, dos mais pobres.
14. A este respeito, não é possível deixar de registar com pena os dados de um aumento preocupante dos gastos militares e do comércio sempre próspero das armas, enquanto permanece atolado no pântano duma indiferença quase geral o processo político e jurídico actuado pela Comunidade Internacional para consolidar o caminho do desarmamento. Se se continua a investir na produção de armas e na pesquisa para criar novas, que futuro de paz será possível? Os votos que me vêm do fundo do coração são de que a Comunidade Internacional saiba reencontrar a coragem e a sabedoria de relançar com convicção e unidade o desarmamento, dando aplicação concreta ao direito à paz que pertence a todo o homem e povo. Empenhando-se por salvaguardar o bem da paz, os vários Organismos da Comunidade Internacional poderão reencontrar aquela autoridade que é indispensável para tornar credíveis e incisivas as suas iniciativas.
15. Os primeiros a beneficiarem duma decisiva opção pelo desarmamento serão os países pobres, que reclamam justamente, depois de tantas promessas, a actuação concreta do direito ao desenvolvimento. Tal direito foi reafirmado solenemente ainda na recente Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, que celebrou este ano o 60o aniversário da sua fundação. A Igreja Católica, ao confirmar a própria confiança nesta Organização internacional, deseja-lhe uma renovação institucional e operativa que a ponha em condições de responder às novas exigências da época actual, marcada pelo vasto fenómeno da globalização. A Organização das Nações Unidas deve tornar-se um instrumento sempre mais eficiente para promover no mundo os valores da justiça, da solidariedade e da paz. A Igreja, por sua vez, fiel à missão recebida do seu Fundador, não se cansa de proclamar por todo o lado o « Evangelho da paz ». Animada como está pela firme persuasão de prestar um indispensável serviço a quantos se dedicam a promover a paz, ela lembra a todos que a paz, para ser autêntica e duradoura, deve ser construída sobre a rocha da verdade de Deus e da verdade do homem. Só esta verdade pode sensibilizar os ânimos para a justiça, abri-los ao amor e à solidariedade, encorajar a todos a trabalharem por uma humanidade livre e solidária. Sim, apenas sobre a verdade de Deus e do homem assentam os alicerces de uma paz autêntica.
16. Na conclusão desta mensagem, gostaria agora de dirigir-me particularmente aos que acreditam em Cristo, renovando-lhes o convite para se tornarem discípulos do Senhor atentos e disponíveis. Escutando o Evangelho, queridos irmãos e irmãs, aprendemos a fundar a paz sobre a verdade duma existência quotidiana inspirada no mandamento do amor. É necessário que cada comunidade se empenhe numa intensa e capilar obra de educação e testemunho que faça crescer em cada um a noção da urgência de descobrir sempre mais profundamente a verdade da paz. Ao mesmo tempo peço que se intensifique a oração, porque a paz é primariamente dom de Deus que se há-de implorar incessantemente. Graças à ajuda divina, será certamente mais convincente e iluminador o anúncio e o testemunho da verdade da paz. Com confiança e abandono filial, voltemos o olhar para Maria, a Mãe do Príncipe da Paz. Ao início deste novo ano, pedimos-Lhe que ajude todo o Povo de Deus a ser, em cada situação, agente de paz, deixando-se iluminar pela Verdade que nos torna livres (cf. Jo 8, 32). Pela sua intercessão, possa a humanidade crescer no apreço por este bem fundamental e comprometer-se na consolidação da sua presença no mundo, para entregar um futuro mais sereno e seguro às gerações que hão-de vir.
Vaticano, 8 de Dezembro de 2005.

BENEDICTUS PP. XVI
[1] Apelo aos Chefes dos povos beligerantes (1 de Agosto de 1917): AAS 9 (1917) 423.
[2] N. 77.
[3] Ibid., n. 78.
[4] João Paulo II, Mensagem para o Dia Mundial da Paz 2004, n. 9.
[5] Cf. João Paulo II, Discurso à 50a Assembleia Geral das Nações Unidas (5 de Outubro de 1995) n. 3.
[6] De civitate Dei, XIX, 13.
[7] N. 79.
[8] Ibid.
[9] Mensagem para o Dia Mundial da Paz 2002, n. 6.
[10] Ibid.

sexta-feira, dezembro 09, 2005

A esperança paira sobre a Igreja de Cabinda.Sacerdotes de Cabinda retomam as Eucaristias (08.12.2005)

O Administrador Apostóico de Cabinda, Dom Eugénio Dal Corso, chegou a Luanda ontem vindo de Cabinda onde esteve mais de uma semana em diálogo com o clero local sobre a crise instalada naquela diocese pela rejeição de Dom Filomeno do Nascimento Vieira Dias, nomeado Bispo titular de Cabinda aos 11 de Fevereiro deste ano.
Já dissemos noutra altura que o clímax da crise se verificou nos meses de Julho e Agosto quando dia 18 de Julho o Bispo administrador Apostólico foi agredido na Sacristia da Paróquia da Imaculada Conceição que em resposta três dias depois ordena o encerramento da Paróquia e a suspensão canónica do seu Pároco, Pe. Jorge Casimiro Congo. E não tendo havido melhorias da situação, dia 10 de Agosto o clero apela a Roma e escreve uma Carta ao Cardeal Crescêncio Sepe onde tacitamente exara a decisão unânime da suspensão das Eucaristias e o encerramento de todas as paróquias. Correu um tempo de busca de diálogo entre a CEAST em comunhão com a Nunciatura e o clero de Cabinda. E graças a Deus parece as coisas começarem a mudar (queira Deus!).
Dia 6 deste mês de Dezembro, o Administrador Apostólico e o clero fizeram sair um comunicado que na intregra transcrevemos abaixo. E ontem, dia 8 o Administrador Apostólico reabriu a Paróquia da Imaculada Conceição e nela celebrou a Eucaristia com o Povo.
A aceitação do novo Bispo ainda é uma incógnita e requererá outros encontros do Administrador Apostólico com o clero do enclave.

Agora o Comunicado:
"COMUNICADO


A todos aqueles que esta nossa comunicação encontrar, GRAÇA e PAZ.

Os acontecimentos eclesiais vividos nos últimos meses em Cabinda provocaram a suspensão das celebrações eucarísticas e a aplicação de algumas penas canónicas. Depois de vários encontros com o Clero e alguns membros do Povo de Deus da Igreja de Cabinda que nos levaram à reflexões sobre qual seria a possibilidade de solução para a crise que se instalou na Diocese de Cabinda há mais de nove meses.

Tendo em consideração a gravidade e a delicadeza do problema que se vive e sendo conveniente uma tomada de posição oficial sobre o caso, que dissipe todo o mal entendido, depois de um encontro de Sua Excelência Reverendíssima Dom Eugênio Dal Corso, Bispo de Saurimo e Administrador de Cabinda com o Clero diocesano de Cabinda, ficou decidido:

A reabertura de todas as igrejas paroquiais, incluindo aquela da Imaculada Conceição, a partir do dia 8 de Dezembro do corrente ano, com uma celebração eucarística.

O levantamento da suspensão e da proibição aplicadas aos Reverendos Padres Jorge Casimiro Congo e João de Brito Monteiro Mayamba, respectivamente.

O Administrador Apostólico manifestou a sua participação na dor que os familiares dos presos sofrem por causa da agressão sofrida por este e procurará fazer o que for do seu alcance para a resolução do problema.

O Bispo Administrador e o Clero pedem orações para esta celebração e para o tempo de Advento que a Igreja está a viver.

A continuação do diálogo com a Igreja Particular de Cabinda até a solução definitiva sobre o problema do novo Bispo para Cabinda.



Cabinda e Casa Episcopal, 6 de Dezembro de 2005.


O Administrador Apostólico de Cabinda e o Clero Diocesano.- "


Continuemos a rezar pela Igreja-Irmã de Cabinda
O Secretariado da CEAST
Pe. Pedro Gabriel Tchombela


terça-feira, novembro 22, 2005

Comunicado da CEAST no termo da II Assembleia Plenária

Texto integral do comunicado da Assembleia Plenária da CEAST – publicado no Jornal Apostolado aos 18.11.2005 no termo da II Assembleia Plenária da CEAST

O período inicial da primeira sessão foi preenchido com o discurso de abertura do Vice-Presidente da CEAST, D. Gabriel Mbilingi, Bispo de Lwena, que presidiu à Assembleia, na ausência do presidente, por motivo de doença. No seu discurso, D. Gabriel Mbilingi saudou os dois novos membros da Conferência: D. Mário Lukunde, Bispo de Menongue e Dom Almeida Kanda, Bispo de Ndalatando.
Os bispos foram informados, sumariamente, sobre a XI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos que decorreu em Roma no mês de Outubro dedicado à Eucaristia, Pão Vivo para a paz do mundo, por D. Gabriel Mbilingi, Bispo do Lwena e delegado da CEAST no Sínodo. A temática consigna proposições que serão públicas oportunamente.
D. Benedito Roberto, Bispo de Sumbe e delegado da CEAST para a IMBISA, apresentou o relatório do 42º Conselho Permanente daquele órgão e informou que foi recebida com satisfação a decisão da CEAST acolher a plenária da IMBISA no ano 2007.
Com a finalidade de informar o Episcopado sobre o funcionamento dos serviços e movimentos que dirigem, estiveram presentes, os senhores padres, Argemiro Geraldo, cssp., Procurador da CEAST e Jardim, sj., Director Nacional do Apostolado da Oração.
A Assembleia recebeu ainda a nova Junta Directiva da USMIRFA do CSMIRMA, num encontro de comunhão e renovado compromisso na missão.
A Assembleia saudou em comunicado de imprensa o 30º Aniversário da Independência Nacional.
A Assembleia designou D. Zacarias Kamwenho para representar a CEAST no Acto Central das Comemorações do 30º Aniversário da Independência, dia 11, na Cidadela Desportiva, em Luanda.
A Conferência deslocou-se em peregrinação a Mbanza Kongo, para ali, sede da primeira diocese de Angola, celebrar os trinta anos de Independência Nacional.
A Assembleia aprovou a Mensagem Pastoral sobre as eleições: "O desafio das próximas eleições em Angola".
A Assembleia aprovou o guião do Plano Pastoral Nacional para o triénio 2006-2009. O qual fica assim escalonado:

2006: Duc in altum in docendo;
2007: Duc in Altum in santificado;
2008: Duc in Altum in regendo.

A Assembleia aprovou, na generalidade, o regulamento da Comissão Episcopal para o Ecumenismo, o decreto que cria o Instituto Superior João Paulo II, com as licenciaturas em Serviço Social e Ensino de Educação Moral e Cívica.
A Assembleia aprovou a constituição do Gabinete de Imprensa criado na Assembleia Extraordinária de 10 de Outubro passado e nomeou como seu director o Rev. Padre Dr. José Manuel Imbamba. Integram ainda este Gabinete os Revs. Padres António Jaca, svd e Maurício Kamutu, cssp.
A Assembleia aprovou os princípios gerais para a participação do clero no ensino de modo a salvaguardar o serviço pastoral nas paróquias e a comunhão no presbitério. Foi igualmente estudada a questão urgente da segurança social do clero.
A Assembleia lançou um olhar sobre a vida económica do país. Nota com satisfação os sinais de estabilidade económica e de relançamento da economia. Apela, porém a maior atenção aos aspectos éticos do desenvolvimento, devendo-se cuidar a justiça económica, prevenindo-se assim assimetrias no nível de vida dos cidadãos e nas oportunidades de negócios.
A Assembleia considera oportunas emendas ao projecto de lei de Imprensa de modo a ajustá-la à sociedade democrática que estamos a edificar.
A Assembleia encarregou uma Comissão, coordenada por D. Gabriel Mbilingi, de aprofundar a questão da pastoral (capelania) nas forças de ordem e Segurança. A questão deverá ser tratada junto dos órgãos competentes do Estado.
A Assembleia recebeu a visita do Sr. Vice-Ministro da Educação, Prof. Dr. Mpinda Simão, com quem abordou em ambiente cordial o funcionamento do protocolo CEAST-ME, a necessidade de mais escolas do ensino médio; a reforma educativa; a educação sexual nas escolas e o HIV- SIDA e a formação de professores e a colocação dos professores das escolas católicas.
A Assembleia analisou e aprovou o Relatório de Contas referente ao exercício de 2004 e o Orçamento do Secretariado Geral da CEAST para 2006, tendo ainda se dedicado ao estudo de formas de auto- sustentabilidade com o apoio de técnicos do ramo.

Luanda, 16 de Novembro de 2005.

Ouve-se a voz da Rádio Ecclesia em toda a Angola através da Rádio Vaticana

Voltamos à notícia que acenamos no dia 17 sobre a possibilidade de se escutar a voz da Rádio Ecclesia em toda a Angola através da ádio Vaticana. E citamos o Jornal Apostolado da CEAST de 17 de Novembro, em online:

RÁDIO ECCLESIA EM ONDAS CURTAS NA RÁDIO VATICANA
Um comunicado da sua direcção enviada hoje ao Apostolado anunciou a notícia, especificando que a experiência começou a partir do corrente mês sem precisão de data.
O comunicado convida os ouvintes a escutar as «notícias da Rádio Ecclesia sobre Angola pelas antenas da Rádio Vaticana, em ondas curtas (SW) aos 19, 22, 25 e 31 metros».
Essas emissões vão ao ar «todos os dias às 19 horas e às 6 horas e 30 minutos», acrescenta o convite.
A experiência ora anunciada contorna em certa medida a polémica questão das emissões da Ecclesia em ondas curtas, radicada no monopólio público legal desta modalidade de transmissões do sinal radioeléctrico em Angola.
Em virtude da sua condição anterior, a Ecclesia obteve uma formal derrogação especial do ministério da tutela aos 18 de Novembro de 1993. Desde então, contudo, a direcção da emissora católica andou a esbarrar com uma oposição não declarada do Estado angolano em efectivar esta prerrogativa.

Tomada de Posse de Dom Almeida Kanda, 20.11.2005

Dom Almeida Kanda (que foi Vigário Geral do Uíje), nomeado Bispo de Ndalatando por Bento XVI aos 23/07/2005 e Sagrado no Uíje aos 23/10/2005 tomou posse no Domingo passado, anteontem, 20/11/2005 na Diocese de Ndalatando. As Cerimónias de Tomada de posse e da Eucaristia passaram-se campalmente defronte da Igreja Catedral na Cidade de Ndalatando. Diga-se que na Véspera tinham chegado em Ndalatando os Bispos de Uíje, de Mbanza Kongo, de Menongue, de Lwena e de Malanje, Dom Francisco da Mata Mourisca, Dom Serafim Shingo ya Hombo, Dom Mário Lukunde, Dom Gabriel Mbilingi e Dom Luís Maria, respectivamente, que acompanharam Dom Almeida Kanda. Na Cerimónia esteve também presente o Bispo Cessante, Dom Pedro Luís Scarpa, os Sacerdotes da Diocese de Ndalatando e muitos outros vindos de Luanda, de Uíje, de Malanje, de Huambo, Religiosos e religiosas, os leigos da Diocese, etc.
Na sua homilia, Dom Almeida Kanda apresentou o seu programa episcopo-pastoral como sua linha de acção na condução da grei de Ndalatando em 3 pontos:
Primeiro: Tudo para todos;
Segundo:Construir a Igreja
Terceiro: Viver comprometido com a radicalidade evangélica.

Tudo para todos: Como intenção do seu sim a Deus e ao povo, Dom Kanda, dirigindo-se ao povo, lembrou-lhe a passagem veterotestamentária: "Escolhei hoje a quem quiserdes servir" - Sei que o povo de Deus de Ndalatando comigo à frente - continuou - escolherá servir ao Senhor. O Bispo se comprometeu a vir a ter especial atenção pelos pobres, pequeninos e abandonados pelos homens. E pediu a todos a corresponsabilidade.

Construir a Igreja: Citando 1Cor 3, 9, o Bispo disse que a Igreja era um edifício em construção. Cristo que a fundou, deixou-a inacabada e à construção dos homens. E isso exige - disse - a que todos (clérigos e leigos) tomem a consciência de ser Igreja e construtores do Reino.

Viver comprometido com a radicalidade evangélica: Jesus não fundou o Cristianismo como uma religião de museu, num conservadorismo inerte, mas uma religião de revolução e libertação dos homens em cada momento histórico.

As Cerimónias que começaram pelas 9 horas tiveram a duração de 3 horas.

Redactou
Pe. Pedro Gabriel Tchombela
Pastoral da CEAST

O desafio das próximas eleições em Angola

O DESAFIO DAS PRÓXIMAS ELEIÇÕES EM ANGOLA

(Mensagem Pastoral dos Bispos de Angola
aos cristãos e a todo(a)s Angolano(a)s de boa vontade)


A todos saudamos e convidamos a partilhar connosco a alegria no Senhor pela celebração dos 30 anos da nossa Independência.

1. IGREJA E A POLÍTICA
“Conhecedora da humanidade, a Igreja, sem pretender de modo algum imiscuir-se na política dos Estados, ‘tem apenas um fim em vista: continuar, sob o impulso do Espírito Consolador, a obra de Cristo vindo ao mundo para dar testemunho da verdade, para salvar, não para condenar, para servir, não para ser servido? (GS, 3, 2). Fundada para estabelecer já neste mundo o reino do céu e não para conquistar um reino terrestre, a Igreja afirma claramente que os dois domínios são distintos, como são soberanos os dois poderes, eclesiástico e civil, cada um na sua ordem. Porém, vivendo na história, a Igreja deve ‘estar atenta aos sinais dos tempos e interpretá-los à luz do Evangelho’ (GS, 4, 1). Comungando nas melhores aspirações dos Homens e sofrendo de os ver insatisfeitos, deseja ajudá-los a alcançar o pleno desenvolvimento e, por isso, propõe-lhes o que possui como próprio: uma visão do Homem e da Humanidade” (PP, 13).
Certamente, pois, não compete à Igreja indicar as soluções técnicas para os graves e complicados problemas sociais, políticos e económicos. Mas, perita em humanidade, a Igreja é impelida necessariamente a alargar a sua missão religiosa aos vários campos em que os homens e as mulheres desenvolvem as suas actividades em busca da felicidade, sempre relativa, que é possível neste mundo, em conformidade com a sua dignidade de pessoas (João Paulo II, SRS, 41). A Igreja não opta por nenhum partido político, mas chama a atenção para que toda a política seja conduzida para o bem de todos, sobretudo dos mais desfavorecidos. Por isso, queremos dirigir-vos, caríssimos irmãos e irmãs, uma palavra breve sobre o desafio das próximas eleições, assinalando sobretudo alguns aspectos que nos parece fundamental ter presentes considerando não só as expectativas mas também as tensões, os medos e os excessos que caracterizam semelhantes momentos.

2. IMPORTÂNCIA DAS ELEIÇÕES E VALOR DO VOTO

As eleições devem permitir que o povo escolha as pessoas e os programas que considere mais bem indicados para a governação durante determinado período, tanto a nível dos órgãos centrais do Estado como a nível local. Daí a necessidade de eleições locais e autárquicas, cuja importância queremos sublinhar aqui. Todas elas permitem que o povo participe na vida da Nação de uma maneira cada vez mais plena.
Por isso, o voto de cada um tem um valor muito alto: ele pode ajudar tanto a escolher as soluções mais convenientes como a fazer as escolhas mais infelizes. Tudo depende da qualidade do voto.

3. ELEIÇÕES COM LIBERDADE E TOLERÂNCIA

Para realizarem eleições justas, os cidadãos precisam de liberdade. Só assim terão a consciência tranquila para colocarem o seu voto nas pessoas, nos partidos e nos programas de governação que a cada um parecem melhores. A liberdade desta escolha deve ser respeitada como direito sagrado de todo o cidadão, sem aliciamento de espécie alguma. Também por isso, o voto é individual e secreto.
Esta liberdade, no entanto, supõe que haja tolerância: o facto de alguém ser de um partido diferente ou de defender ideias também diferentes não significa que seja inimigo. Devemos, sim, respeitar-nos uns aos outros e nunca prejudicar ninguém. E assim, se for necessário, procuremos viver os nossos conflitos pelo diálogo e pela mediação. No caso de estes meios não resultarem, depositamos a nossa confiança na isenção dos órgãos judiciais para resolver qualquer pendência. Para isso, recomendamos aqui o mandamento do amor, que recebemos do Senhor: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos.

4. ELEIÇÕES COM TRANSPARÊNCIA

Sabendo que uma das razões dos conflitos eleitorais são as desconfianças sobre a existência de processos viciados e de fraudes, manda a prudência que tudo deve ser feito com transparência. Por isso, pedimos e esperamos de todos os intervenientes na condução do processo um esforço desinteressado, imparcial, democrático e favorável à paz. Em síntese, as eleições devem ser livres e justas. E, para isso, devem ser imparcialmente esclarecidas. Mas não o poderão ser, sem uma informação suficiente e pluralista. Donde a exigência democrática de liberalizar os meios de comunicação social. Rogamos a Deus, Verdade Suprema, para que todos nos deixemos iluminar pelo Espírito da Verdade.

5. SOBRE OS RESULTADOS DAS ELEIÇÕES

Desta maneira ficarão limpos de toda a mancha aqueles que vencerem, e aceitarão pacificamente os resultados aqueles que não tiveram vencido. As divergências a este respeito sejam resolvidas através dos meios legais e políticos – nunca fora deles – e tenha-se em conta não o interesse individual ou de grupo, mas o de toda a Nação Angolana, sobretudo dos mais fracos e pobres, que são a maioria da população, desejosa de paz. Assim, demonstraremos a nós mesmos e ao mundo a nossa maturidade. Por isso, insistimos que as eleições devem ser sempre em vista do maior bem para todos. Quem as vence assume a responsabilidade de cumprir o que prometeu e mesmo de fazer mais e melhor do que prometeu. E quem as não vencer, aceite o exercício da oposição, como um serviço insubstituível em todo o regime democrático.

6. PRÓXIMAS ELEIÇÕES: UM GRANDE DESAFIO

Muito desejamos que estas nossas palavras de Pastores da Igreja ajudem os ânimos para a boa condução de todo o processo das próximas eleições. Reconhecemos que a perspectiva das próximas eleições constitui para muitos angolanos motivo de inegável apreensão, devido à tragédia subsequente às primeiras eleições. É papel de todos os políticos restaurar a confiança nas eleições democráticas, o que já começou a acontecer com a sua maior maturidade política, com a unificação dos dois exércitos antagónicos, com o seu compromisso de paz até agora fielmente observado, com o desarmamento em curso, e outras razões congéneres.
A vós, filhos e filhas católicos, militantes dos diferentes partidos políticos e com responsabilidades no Estado, exortamos, de uma maneira particular, a manter, com firmeza e sem tibieza, viva a nossa fé e actuantes as vossas convicções cristãs, pois grande influência podeis ter em todo este processo.

7. ELEIÇÕES COM ESPERANÇA E CONFIANÇA

“ Se trabalhamos e lutamos, é porque colocamos a nossa esperança no Deus vivo, Salvador de todos, mas sobretudo dos que têm fé” (1Tim. 4, 10). É com esta fé que convidamos todos a renovar a nossa confiança e a olhar o futuro com optimismo, pois muito esperamos que as próximas eleições venham a contribuir para melhorar as condições de vida do Povo angolano.
Que o Imaculado Coração de Maria, Padroeira de Angola, nos conceda uma Paz duradoira no Amor e na Justiça.

Luanda, aos 15 de Novembro de 2005

Os Bispos Católicos de Angola

quinta-feira, novembro 17, 2005

Jornadas da CEAST e fim dos trabalhos da II Assembleia

Dentro da sua IIª Assembleia Ordinária, Domingo passado, dia 13, a CEAST, numa delegação de uma centena e meia de delegados e convidados, se deslocou a Mbanza-Kongo, sede Episcopal de Dom Serafim Shingo ya Hombo para a Celebração do Centenário da Sé Catedral e Acto Central Eclesial dos 30 Anos da Independência de Angola.
Presidiu à Eucaristia o Núncio Apostólico, Dom Angelo G. Becciu e foi orador o Arcebispo do Lubango, Dom Zacarias Kamwenho, que no agradecimento do dom da fé acolhido por aquela parcela do território em primeira mão, no século XV, falou também do grande empenho da reconstrução de Angola nesta era de Paz. E próximos das eleições, chamou a todos à responsabilidade e à luta pela democracia e respeito pelas liberdades.

Na Segunda-Feira a CEAST retomou os trabalhos da 2ª Assembleia que terminaram ontem, 4ª feira. E hoje se realizou uma conferência de imprensa para a publicação das conclusões do Encontro. Além de outros trabalhos e decisões de carácter interno da CEAST, os prelados lançaram uma mensagem pastoral à nação intilulada "O desafio das próximas eleições em Angola" que noutro título (a seguir) apresentamos na íntegra.

Ainda na Conferência de Imprensa de hoje, foi comunicada a criação do Gabinete de Imprensa da CEAST. Foi nomeado seu presidente o Pe. Dr. José Imbamba que será ajudado directamente pelos Padres Jaka, SVD e o Pe. Maurício Kamutu, Espiritano.

A Rádio Eclesia noticiou hoje que a Rádio Vaticana a partir de hoje retransmitiria em Ondas curtas os programas da Rádio Ecclesia. Apontou uma das horas, 6.30 da manhã e 19, tempo de Angola. O recurso à Rádio Vaticana justifica-se pela dificuldade da difusão da voz da Ecclesia por todo o país, por impedimento do Governo de Angola. Esta notícia tornaremos a aprofundá-la nas próximas informações bem como o fornecimento dos canais de sintonização.

Paralelamente à conferência de Imprensa, hoje começaram as jornadas de trabalho de reflexão sobre a Cultura na perspectiva da Feitiçaria. O Encontro foi promovido pela CEAST e está a ser realizado pela ComissãoEpiscopal de Liturgia e Cultura com o apoio do Governo Central e de Luanda. Está-se a refletir sobre "os desafios da feitiçaria na promoção humana e na evangelização de Angola". O Encontro não pretende esgotar a questão, porque o tema se por um lado é obscuro, por outro é pontiagudo. Os participantes e expositores dos temas querem sim oferecer à sociedade uma visão da questão; aos académicos uma comichão intelectual; aos juristas e legisladores um material; e aos pastores um confronto directo da questão com o Evangelho. Decerto, semanas sobre a questão se seguirão.
É que em Angola, o fenómeno está a chegar a tais dimensões que inclusive as crianças de tenra idade são acusadas de feitiçaria e quantas vezes não são mortas e ou abandonadas pelos próprios pais. E, pior, elas confirmam serem feiticeiras, porque assim se lhes incutiu na consciência!!! E quantos pais não não mortos a paulada pelos próprios filhos, porque suspeitos de feiticeiros?! Hoje falaram Pe. Dr. André Lukamba, da Arquidiocese do Huambo, sobre "Fé e Cultura" e o Pe. Pedro Lufune, de Benguela, sobre "os desafios da inculturação, na base da Incarnação e da Redenção". Os temas foram seguidos de debates. E ainda à tarde se abriu um ondjango onde alguns peritos puderam oferecer à plateia os seus conhecimentos sobre o fenómeno da feitiçaria. A Rádio Eclesia transmitiu em Ditecto o evento.
O Estudo prossegue amanhã todo o dia para terminar no Sábado às 12 horas, momento em que os Bispos da CEAST partirão para Ndalatando empossar Dom Almeida Kanda, sagrado no Uíje dia 23 de Outubro.

Redactou:
Padre Pedro Gabriel Tchombela
ptchombela@hotmail.com
Director do Secretariado de Nacional Pastoral
e Coordenador do Secretariado da CEAST

quinta-feira, novembro 10, 2005

Comunicado da CEAST em prol dos 30 anos da Independência de Angola

C O M U N I C A D O

Amados cristãos,
Queridos compatriotas,

Reunidos em Luanda para a 2ª Assembleia Ordinária Anual, nas vésperas do dia sagrado da nossa Independência Nacional, saudamos jubilosamente o 30º Aniversário da independência de Angola.
A partir daquele onze de Novembro consagrou-se no Povo a consciência de ser ele mesmo, a consciência de ser Nação, com direito a um nome: Povo angolano” (F.E.2)
.
São trinta anos de um caminhar criança com as dificuldades de quem inicia, dificuldades de uma Nação em crescimento, trinta anos tocados de dor, de lágrimas e alegrias, mas, sobretudo, trinta anos carregados de muita esperança na terra que renasce e se reencontra nos seus filhos, unidos no querer ver Angola a crescer como Pátria unida, Pátria das liberdades, da justiça, da fraternidade e da paz.

Nas Vésperas de tão grande dia, inclinamo-nos perante a memória de várias gerações de Angolanos, que ofereceram generosamente a vida para que a nova Pátria nascesse e se consolidasse.

Passaram as coisas velhas” (Ap. 21,4). Agora, com confiança construamos a cidade dos homens sem exclusões e subalternizações políticas, económicas, culturais e regionais, sem a indiferença dos ricos perante a indigência dos pobres. Nesta hora repetimos o apelo por nós já feito por ocasião do 10º Aniversário da Independência: “ninguém se alheie ao desenvolvimento do País” (F.E. 15), Angola, “eu te ordeno: levanta-te e anda” (Lc. 5, 24; 7, 14).
Encontrando-nos todos em Luanda, amanhã, dia 11, dia da Independência Nacional, presidiremos à Eucaristia nas diferentes paróquias de Luanda para domingo, dia 13, nos deslocarmos todos a Mbanza Congo a fim de, naquelas terras, berço do cristianismo em Angola e sede da primeira Diocese do País, participarmos no Acto Celebrativo Nacional querido por esta Conferência, valendo-nos do encerramento das festas do Centenário da Igreja Catedral. Ali, onde os nossos antepassados deram o seu sim a Cristo, ali caminho do êxodo para a liberdade, rezaremos em memória de todos os construtores da Nação Angolana, os que tombaram nas várias lutas e os que hoje ainda lutam por uma Angola digna dos Angolanos.

Convidamo-vos, pois, amados diocesanos a acompanhar-nos nesta peregrinação unindo-vos assim, também vós, onde quer que vos encontreis, à oração dos vossos Bispos que se quer oração suplicante, laudativa e agradecida de Angola a Jesus Cristo, caminho, verdade e vida, princípio e fim da história, o salvador do mundo.
Por intercessão do Imaculado Coração de Maria, Nossa Padroeira,

Deus abençoe a nossa Terra!
Deus abençoe Angola!
Feliz é a Nação Cujo Deus é o Senhor!

Luanda, 10 de Novembro de 2005

Os Bispos de Angola
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F.E.: Carta Pastoral dos Bispos de Angola e São Tomé FIRMES NA ESPERANÇA – Reflexão Pastoral após dez anos de Independência. CEAST 1986.

quarta-feira, novembro 09, 2005

A II Assembleia anual da CEAST começou hoje

A Conferência Episcopal de Angola e são Tomé – CEAST – está reunida desde hoje em sua 2ª Assembleia Geral Anual. Na agenda de trabalho constam os temas:

- O Estudo e aplicações do tema sobre o Kerigma (do 2º ano do triénio pastoral começado o ano passado);
- A reflexão sobre o pacote eleitoral, tendo em conta as eleições em Angola previstas para 2006;
- Os relatórios das Dioceses e o processo de Reconstrução Nacional;
- Os aspectos relacionados com a justiça económica;
- Os ecos da Jornada Mundial da Juventude na Alemanha;
- Sacerdotes e docência do ensino público;
- Ecos dos Bispos lusófonos do encontro realizado em Maputo;
- E o ponto de situação da Rádio Eclesia.

No fim dos trabalhos, além de outros pronunciamentos, a CEAST prevê publicar uma nota pastoral sobre as eleições de 2006

O Encontro terminará no dia 16 e nos três dias posteriores haverá reflexão sobre o fenómeno da feitiçaria (Encontro nacional que reunirá também presbíteros e leigos de todas as dioceses).

O Secretariado Nacional de Pastoral

segunda-feira, novembro 07, 2005

A Igreja de Angola celebra os 40 anos depois do Concílio Vaticano II

Em Luanda, a CEAST, Sacerdotes, Religiosos, Religiosas e leigos estão reunidos desde a manhã de hoje no Auditório da Universidade Católica de Angola (UCAN) para reflectirem sobre a caminhada da Igreja no Mundo, 40 anos depois que caiu o pano do Concílio Vaticano II. O Encontro foi preparado por peritos do Centro FÉ E CULTURA da UCAN, Centro de reflexão cristã cuja iniciativa e objectivo se estendem não só aos universitários como também ao público mais amplo, criando um diálogo e encontro de fé e cultura com a sociedade.
No período da manhã o Frei Luís França, dominicano, dissertou sobre o tema “O significado do Concílio Vaticano II para a vida da Igreja” e pela tarde, o Frei João Domingos, também dominicano, falou da “Igreja e da Sociedade à luz do Concílio Vaticano II”. Os temas foram seguidos de debates e partilha de experiência sobre a Igreja no mundo actual, tudo à luz dos novos ventos centrífugos que na década 60 do Séc. XX levaram a Igreja a abrir-se ao mundo e à renovação interna. O dia de hoje terminou com as Vésperas.
O Encontro prossegue amanhã com os temas de “Os Reflexos do Concílio Vaticano II na Igreja de Angola” , tema que será dissertado pelo Pe. Dr. André Lukamba, d”O lugar do leigo na Igreja -Visão do Concílio Vaticano II”, por Dr. António José de Oliveira e ainda d ”A vida Religiosa no Pós-Vaticano II” pela Irmã Domingas Luzia. O Encontro termina amanhã pelas 17 horas com a Celebração Eucarística.

Pe. Pedro Tchombela
- Pastoral - CEAST

sábado, outubro 29, 2005

A Arquidiocese de Luanda está de luto

O Secretariado de Pastoral da CEAST leva ao conhecimento dos Senhores Bispos da CEAST, dos Sacerdotes de Angola e de todos os homens de boa vontade, sejam de perto sejam de longe, que:

Faleceu na noite de ontem, Sexta-feira, 28 de Outubro de 2005 o Reverendíssimo Padre Angelino Gaspar Nanga, vítima de uma paragem cardiovascular.
Pe. Angelino Gaspar Nanga era filho de Manzambi e de Zinga, nascido aos 30 de Abril de 1932 em Tomboco (Provícia do Zaire). Fez os estudos eclesiásticos nos seminários de Cabinda, Bangalas (Malanje) e Luanda. Ordenado Sacerdote aos 28 de Junho de 1964, foi nomeado Vigário cooperador da Missão de Cabinda e mais tarde superior da Missão de Likula-Zenza; em Outubro de 1974 frequentou um Curso de Pastoral em Brugge-Bélgica e em Janeiro de 1976, nomeado Secretário Geral da Arquidiocese de Luanda e Encarregado da Paróquia de Santa Ana de Luanda; em 1977 é pároco de Nossa Senhora dos Remédios (então Sé de Luanda) e de Nossa Senhora da Nazaré, acumulando com as funções de Delegado do Arcebispado e da CEAST junto dos Organismos Oficiais e de Assistente eclesiástico do Abrigo dos Pequeninos em Luanda; em 1978 foi nomeado pároco de Nossa Senhora do Cabo.
Seguiu para Roma em 1988 para um aggiornamento e de regresso foi nomeado Secretário da Câmara Eclesiástica e Encarregado das Relações públicas da Arquidiocese, funções assumidas até 1988, quando por razões de Saúde foi indicado para Confessor até a data da sua morte.
Paz à sua alma.

Pe. Pedro Tchombela
Pastoral - CEAST

domingo, outubro 23, 2005

Dom Almeida Kanda foi Ordenado hoje no Uíje

Dom Almeida Kanda foi Ordenado Bispo hoje na Cidade do Uíje. Uma grande Delegação de Bispos, Presbíteros, Diáconos, Religiosos, Religiosas e leigos saiu de Luanda uns em caravanas de carros e outros em aviões para Uíje a fim de participar na Celebração da Sagração do novo Bispo de Ndalatando nomeado por Bento XVI aos 23 de Julho passado.
A Eucaristia foi celebrada no Estádio do Futebol Club do Uíje. Iniciou pelas 11 horas e foi presidida por Dom Ângelo Becciu que, naturalmente, foi o Bispo Sagrante (principal) com os co-sagrantes, Dom Francisco da Mata Mourisca, Bispo do Uíje e Dom Filomeno Vieira Dias, Bispo de Cabinda. Com eles, concelebraram 12 Bispos, Dom Óscar Braga, Dom José Nambi, Dom Serafim Shingo ya Hombo, Dom Pedro Luís Scarpa, Dom Mário Lukunde, Dom Pedro Luís António, Dom Zacarias Kamwenho, Dom Eugénio Dal Corso, Dom Benedito Roberto, Dom Fernando Kevanu, Dom Luís Maria, Dom Anastácio Kahango e quase uma centena de sacerdotes de diversas dioceses.
Para as suas armas de fé, Dom Almeida Kanda escolheu um escudo com um ramo de café e enxada que assentam sobre um báculo. O fundo do escudo é azul.
Em dourado: “sirvamos o Senhor com rectidão e fidelidade”.
O ramo de café e a enxada sugerem a origem camponesa de Dom Almeida Kanda. Por outro lado, faz parte do simbolismo de Serviço.
O báculo é o múnus de pastor que cuida de todo o rebanho. E a divida a preto: “sirvamos o Senhor com rectidão e fidelidade”, em fundo dourado, foi inspirado em Jos. 24, 14ss.
Dom Kanda toma posse dia 20 de Novembro deste ano.

Pe. Pedro Gabriel Tchombela
ptchombela@hotmail.com
Director do Secretariado Nacional de Pastoral da CEAST
e Coordenador do Secretariado da CEAST

quinta-feira, outubro 20, 2005

A Diocese de Benguela está de luto

Faleceu ontem no Cubal um sacerdote secular da Diocese de Benguela e foi a enterrar hoje.

A noticia foi tornada pública ontem mesmo dia 19 de Outubro de 2005. Padre Lúcio Vitórino Nguendelamba faleceu no Hospital do Cubal. O presbítero fez entrada naquela unidade hospitalar há 4 dias, até ontem, apresentando um estado de saúde grave. Pensa-se que tenha sido malária aguda que afetara um dos órgãos vitais. O Bispo esteve nas exéquias hoje, na Ganda, paróquia S. João Baptista, onde trabalhava. Padre Lúcio Vitorino Nguendelamba é filho de Vitórino Domingos e de Julieta Ngundo, natural do Huambo, nasceu dia 19 de setembro 1956. Ordenou-se padre em Solwezi, Lusaka -Zambia aos 12 de Agosto de 1984. Esteve na Diocese de Benguela desde 1 de Maio de 2003. Na Diocese era vigário Paroquial da Ganda. Lúcio era de estilo muito silencioso e amigo. Na Diocese trabalhava também na Caritas Diocesana, assessorando projectos ligados ao HIV-SIDA, com grande facilidade de comunicação em Inglês. Mais noticas, consulte o www.benguela.blogspot.com

Tchombela
CEAST - pastoral

domingo, outubro 16, 2005

Dom Mário Lukunde foi empossado hoje em Menongue

O redactor do blogspot da Diocese de Benguela comentou assim o facto:


Menongue abre uma nova página como Igreja particular.
A Diocese de Menongue começou uma nova história, Dom Mário Lucunde foi empossado. O padre Domingos Kasanga Chanceler da Cúria apresentou a acta que no fim da leitura foi assinada pelos presentes. Dom Zacarias Kawenho e Dom Queiros testemunharam o acto na pesença de outros cinco bispos. O Clero local falou na voz do padre Julião, vigário geral da diocese apresentando boas vidas e não deixou de lembrar que a diocese era pontecialmente viva com capacidade de poder crescer muito mais. A missa da posse do novo bispo decorreu no largo da feira, na cidade capital de Menongue. O Bispo saudou os fiéis em Nganguela alertando que vem ao trabalho com a missão de paz e reconciliação. Lágrimas e danças fizeram o cénário e a imprensa não perdeu a notícia. Dom Mário Lukunde é o 3º Bispo de Menongue, diocese fundada em 1975. A região foi envagelizada pelos Missionários Espiritanos que depois deixaram as missões para os Missionários Redentoristas.

fim de citação.
veja: www.benguela.blogspot.com

Estiveram presentes os Bispos de Bié, Dom José Nambi, o de Lubango, Dom Zacarias Kamwenho, o de Benguela, Óscar Braga, o de Mbanza Kongo, Serafim Shingo ya Hombo, o Emérito do Bié, Pedro Luís António e o Próprio Dom José de Queirós Alves que cessava como Administrador Apostólico.
Estiveram também o Governador de Menongue, o Presidente do Tribunaal de Contas, Dr. Julião António; Deputados... e duas delegações, de Luanda e de Benguela em número de 110 pessoas. Acompanharam o acto em Menongue, rejubilando com os fiéis daquela diocese irmã.

Pe. Pedro Tchombela
CEAST

quinta-feira, outubro 13, 2005

Resposta da CEAST à reacção do Pe. Jorge Congo

Ao comunicado da CEAST do dia 10.10.2005 sobre o problema da crise da Igreja na Diocese de Cabinda (ver abaixo) cuja responsabilidade imputou aos padres do enclave, o Pe. Jorge Casimiro Congo reagiu com pronunciamentos cujo teor é a desfavor da CEAST. Traremos para esta página o texto tão logo que o tenhamos em mãos. E a propósito desses pronunciamentos, o Gabinete de Imprensa da CEAST respondeu esta tarde com o seguinte comunicado:


C O M U N I C A D O

O Reverendo Padre Casimiro Congo, de Cabinda, prestou ontem declarações a uma estação de rádio local, para dizer a verdade, pouco abonatórias.

Conhecendo a pessoa, não é de nos admirarmos e poderíamos até ignorá-lo, mas por amor da verdade impõe-se alguma precisão.

Causa mágoa antes de tudo que um sacerdote possa falar em termos tão pouco respeitosos dos seus Bispos e que deturpe a verdade dos factos, transformando as suas fantasias em acusações que atingem o limite da calúnia. Entre estas está a afirmação de que a Igreja se tenha intrometido no processo judicial. A acusação é de tal gravidade que nunca esperávamos ouvir tal da boca de um padre.
Afirmar, portanto, que a CEAST é responsável pela suspensão das missas já que faltou o diálogo com os sacerdotes e o povo de Cabinda é deturpar totalmente a realidade e encontrar pretextos para justificar uma situação a todos os títulos insustentável e merecedora da condenação geral.
É do domínio público, o acolhimento que foi reservado a D. Damião Franklin, ao Senhor Núncio Apostólico, aos três Excelentíssimos Bispos, ao próprio Administrador Apostólico quando se deslocaram a Cabinda com propósitos eclesiais e de diálogo. Por outro lado, convém recordar ao Reverendo Padre como ele, com outros colegas, rejeitou o convite a se deslocar a Luanda para um encontro com o Núncio Apostólico. De igual modo, o Reverendo Padre Raúl Tati, então Vigário Geral, ignorou o convite do Presidente da CEAST para participar, no mês de Junho passado, na Assembleia da Conferência Episcopal convocada especialmente para discutir a situação da diocese de Cabinda. Os factos são estes e não deixam margem para dúvidas e espaço a desmentidos.
A CEAST foi e está sempre pronta ao diálogo. É necessário, todavia, que quem deseja dialogar aceite o mínimo das condições: boa vontade, acolhimento respeitoso e sinceridade.

Sobre as demais declarações do Reverendo Padre Congo o melhor é não nos determos porque se comentam por si mesmas e correríamos o risco de perder a própria dignidade, e cair no ridículo.

Intelligenti pauca


Gabinete de imprensa da CEAST aos 13 de Outubro de 05

terça-feira, outubro 11, 2005

Conclusões da Reunião Extraordinária da CEAST

C O M U N I C A D O

Os Bispos da Conferência Episcopal de Angola e S. Tomé, na sua solicitude colegial pela situação da Diocese de Cabinda, houveram por bem realizar uma reunião extraordinária para encontrar caminhos de solução e, a propósito, resolveram esclarecer alguns pontos atinentes, repondo a verdade dos acontecimentos.

1- A situação da Diocese de Cabinda

É com mágoa e apreensão que seguimos quanto está a ocorrer na Igreja de Cabinda.

a) A CEAST lamenta que certos órgãos da imprensa nacional e internacional se prestem a difundir notícias infundadas e muitas vezes visivelmente erradas sobre o assunto em questão.
b) A decisão dos padres de “suspenderem as missas paroquiais”, que tanto escândalo e prejuízo está a causar na vida dos fiéis, é da exclusiva responsabilidade dos mesmos padres. Repetidas vezes foram convidados pela autoridade competente a retomar o exercício do ministério para o qual receberam o sacerdócio.
c) A reabertura da igreja da Imaculada Conceição ocorrerá quando cessarem os motivos pelos quais o culto foi nela suspenso e se realizarem os devidos actos de reparação.
d) A eleição do novo Bispo de Cabinda, como a de qualquer outro Bispo, foi da exclusiva decisão e responsabilidade do Santo Padre, consequentemente é falsa e injuriosa a informação ou insinuação de que a Igreja teria cedido a pressões na designação do novo Bispo de Cabinda.
e) É completamente desprovida de fundamento canónico a informação segundo a qual um bispo que não tome posse dentro do período normalmente estabelecido, tenha caducada a sua nomeação episcopal. O prazo canonicamente estabelecido pode ser dispensado ou alterado pelo Santo Padre, o que aconteceu.
f) Em nenhuma circunstância o Senhor Núncio Apostólico se deslocou a Cabinda acompanhado de um forte dispositivo de segurança.
g) Declaramos que é inverídica e tendenciosa a notícia posta a circular de que o Núncio Apostólico teria sido exonerado do seu cargo.
h) Esclarecemos que o padre João de Brito Monteiro Mayamba, pároco de Ncuto, não foi suspenso do exercício do ministério sacerdotal, mas apenas interdito de pregar fora da sua paróquia.
i) Não corresponde à verdade que todos os padres estejam proibidos de sair de Angola. Segundo nos consta, somente estão abrangidos por esta medida judiciária quem tenha problemas com a justiça.
j) Os Bispos da CEAST renovam a sua total solidariedade para com o Senhor Dom Eugénio Dal Corso, Administrador Apostólico de Cabinda.
k) Finalmente, convidamos todo Povo de Deus a elevar preces connosco ao Pai celeste para que ilumine as mentes, mova os corações e reconstitua a comunhão eclesial nesta porção da Igreja de Deus da Conferência Episcopal de Angola e S. Tomé.


2- Celebração dos 30 anos da independência


Foi também objecto de reflexão dos Bispos a celebração do próximo 30º Aniversário da Independência de Angola. Ficou estabelecido que haverá um Acto Nacional Celebrativo com a presença de todos Bispos dia 13 de Novembro, em Mbanza Congo, que foi a sede da primeira Diocese de Angola.
A nível diocesano cada Bispo programará a respectiva celebração

Que a Virgem Santa Maria, Mãe de Angola e Rainha das missões interceda por nós e nos alcance as graças que imploramos.

Luanda, 10 de Outubro de 2005

Os Bispos Católicos de Angola

segunda-feira, outubro 10, 2005

O Bispo de Menongue foi Sagrado Ontem

Tal como se programara, Dom Mário Lukunde foi Sagrado ontem na Cidade Episcopal de Benguela. A festa foi vivida por quase toda a Angola e pelos países amigos de Benguela e Menongue, pelas orações e movimentações de pessoas para Benguela.
Uma delegação de 27 pessoas, entre Sacerdotes, Religiosas, leigos e membros do governo, vindas de Menongue chegou a Benguela no Sábado para participar na Celebração da Sagração do seu Bispo; outras personalidades colectivas e individuais, por diversos meios de transporte, partiram do Huambo, Bié, Luanda, Sumbe, etc, e acorreram a Benguela para ver, rezar e agradecer a Deus. O irmão do Bispo ordenado, Pe. Jorge Tchingi, veio dos E.U.A onde está a trabalhar numa Paróquia; Outros Padres como João Bento e Abraão Kasisa (tb do clero secular de Benguela e a trabalhar em Pt) vieram de Portugal, para citar os de mais longe.
Fizeram-se presentes 16 bispos da CEAST.
E foi o Bispo Sagrante, Dom Óscar Lino Lopes Fernandes Braga, Bispo de Benguela; e Consagrantes, Dom Ângelo Becciu, Núncio Apostólico e Dom Zacarias Kamwenho, Arcebispo do Lubango e, portanto, Metropolita da região em que pertence a Diocese de Menongue.
Seguindo o prescrito no Pontifical Romano, dois sacerdotes, Abraão Kasisa e Pedro Gabriel Tchombela, ladearam o Bispo eleito e, depois da chamada, o conduziram ao altar para a Sagração.

Esteve mais de uma centena de Sacerdotes. Um colorido de vestes das diversas congregações religiosas se viu. E uma enchente do laicado e até de diversos membros de confissões religiosas várias se fez também presente.



o www.benguela.blogspot.com antecipou assim o acontecimento:

Ordenação de Bispo anima a comunidade em Benguela
A ordenação episcopal de Dom Mário Lucunde, Bispo eleito de Menongue contece na Paroquia de Nossa Senhora de Navegantes, na capelinha, as 9:30 do dia 9 de Outubro de 2005, Domingo. Mais de 100 personalidades: Arcebispos, Bispos, Deputados, representações diplomáticas, membros do governo, pessoas individuais e uma delegação da Diocese de Menongue são esperados em Benguela. As comunidades católicas em Benguela, Lobito, Baia – Farta, Dombe Grande e Catumbela não celebram missa para participarem do evento. A nomeação de Dom Mário foi tornada pública no dia 3 de Agosto às 11h, hora de Angola. Dom Mário é o segundo nomeado pelo Papa Bento XVI em Angola, depois de Dom Kanda para Ndalatando. Segundo a Tradição, na fé da Igreja, e o ritual da Ordenação dos Bispo, a sucessão apostólica é conferida pela ordenação. A disposição ritual confere a três Bispos esta prerrogativa. Assim na sua ordenação, Dom Mário Lukunde escolheu três nomes: Bispo Sagrante: Dom Óscar Braga – Bispo de Benguela; Bispos consagrantes: Dom Ângelo Becciu, Núncio Apostólico de Angola e S. Tomé, em representação do Papa Bento XVI e Dom Zacarias Kamwenho, Arcebispo do Lubango, titular da Província Eclesiástica da região da Diocese de Menongue. Armas de fé: Os Bispos quando são eleitos apresentam-se publicamente com armas de fé que constituirão a sua personalidade pastoral. O Bispo eleito de Menongue tem por armas: Na reconciliação, construir a paz, com o signo de pastor de ovelhas, uma bíblia e um cálice. A ideia apresenta subjacente o significado do nome de D. Lukunde (feijão-frade): “Lukunde lwayanda, kasanha vililo” (feijão frade trepado, destruidor de limites). Quando o feijão-frade cresce, trepa os cercos que geralmente servem de limites dos campos. É capaz de passar para outras propriedades e lá frutificar, de tal modo que desaparecem os limites que separam as herdades. Isto une os agricultores, destruindo todas as divisões que possam nascer de seus corações. Este nome traduz a figura do reconciliador. Uma verdadeira paz nasce da reconciliação dos desavindos. A cor preferencial do signo é azul que indica todo o trabalho pastoral, sob a protecção do manto de Nossa Senhora, Mãe de Jesus, Maria de Nazaré.
Vida e trajectória de Mário Lucunde: Dom Mário Lukunde é filho de Jorge Tchimungu e de Isabel Bimbi, nasceu dia 13 de Maio de 1957, em Chinhuñgu, Município de Caimbambo. Iniciou os estudos na Embala de Njanjala, em 1965, em 1966 passou para a Estação Missionária do Bambi e daí para a Missão Católica de Caimbambo, em 1967, tendo aí terminado a Instrução primária em 1970. Em 1971/72 fez o 1º Ano do ciclo preparatório no Cubal. Em 1972 ingressou no Seminário Menor da Caála (Quipeio) e terminou a caminhada de com a conclusão dos estudos teológicos em 1984, no Seminário Maior do Cristo Rei, Huambo. A 22 de Julho de 1984 foi Ordenado Diácono, por D. Oscar Braga. A 3 de Fevereiro de 1985 foi ordenado padre na Sé Catedral, por D. Óscar Braga. De 1985 a 1987 desempenhou as funções de Pároco da Sé Catedral. Em 1987 foi para o Seminário Maior de Cristo Rei – Huambo, para enquadrar a equipa formadora, onde desempenhou as funções de Prefeito de Disciplina. Em 1988 partiu para Roma estudar e em 1990 Licenciou-se em Filosofia, na Pontifícia Universidade Urbaniana. De 1990 a 1992, de novo, Pároco da Sé Catedral e professor de Filosofia no Seminário Maior do Bom Pastor. Em 1992 partiu novamente para estudar em Roma, onde em 1994 se doutorou em Filosofia. Em 1995 foi nomeado Reitor do novo Seminário Maior do Bom Pastor, secção de Teologia e professor dos dois Seminários de Filosofia e teologia, até ao momento em que foi nomeado Bispo de Menongue. Também foi membro do Conselho Presbiteral e do colégio de Consultores. A tomada de posse na nova diocese está marcada para o dia 16 de Outubro, em Menongue- Kwando Kubangu, na presença do actual Administrador Apostólico de Menongue, Dom José Alves de Queirós, o Bispo de Benguela e o Arcebispo da Província Eclesiástica, Dom Zacarias Kawenho.

Fim do blogspot de benguela

E a tomada de posse foi programada para o Domingo a seguir, 16 de Outubro.

Pelo responsável da página:
Pe. Pedro Gabriel Tchombela
Secretário da CEAST pelos Assuntos de Pastoral e
Coordenador do Secretariado da CEAST

quarta-feira, setembro 14, 2005

CONCLUSÕES do Encontro da Comissão de Justiça, Paz e Migrações




Conclusões do XIII Encontro Nacional da Comissão Episcopal de Justiça, Paz e Migrações da CONFERÊNCIA EPISCOPAL DE ANGOLA E SÃO TOMÉ - CEAST


Teve lugar em Luanda, no Lar da CEAST, entre os dias, 7 e 9 de Setembro de 2005, o XIII Encontro Nacional da Comissão Episcopal de Justiça, Paz e Migrações da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé, com a participação das Dioceses de Luanda/Bengo, Malange, Novo Redondo (Sumbe), Ndalatando, Mbanza Congo, Menongue, Uíje, Malange, Luena, Ondjiva, Bié, Benguela, Saurimo e Lubango, sob a presidência de D. Zacarias Kamwenho, Arcebispo do Lubango e Presidente da mesma Comissão. Estiveram connosco dois representantes da IMBISA, Padre António Nunes e irmã Basília Dembetembe.

Durante o encontro foram lidos os relatórios das Dioceses nos quais sentimos o caminhar nem sempre fácil das Comissões locais e foram estudados os seguintes temas:

1. O sistema democrático angolano no contexto actual de Angola e a Doutrina Social da Igreja (Pe. Dr. Daniel Malamba,SVD)
2. Lei eleitoral e lei do Registo eleitoral (Dr. Manuel Agostinho)
3. Código de Conduta eleitoral e lei de antena e Réplica (Dr. Joaquim Amândio)
4. Doutrina Social da Igreja e a justiça Económica: o papel da Igreja na promoção do bem comum e na distribuição racional dos rendimentos do país (Pe. Dr. Zeferino,SVD)
5. A contribuição da igreja na promoção do diálogo e da reconciliação em Angola: como prevenir os conflitos antes, durante e depois das eleições (Pe. Luís Condjimbe)

Depois de os participantes terem tomado contacto com as matérias acima referidas, chegaram às seguintes conclusões:

1. Insistir na necessidade imperiosa de uma melhor estruturação das Comissões Diocesanas, por forma a corresponderem efectivamente ao desafio das eleições que se aproximam. Pede-se uma maior e mais aprofundada participação dos sacerdotes, religiosos e religiosas nesta missão.
2. Para permitir uma participação livre, consciente e responsável de todos os cidadãos, há necessidade de um estudo mais aprofundado, nas comunidades e em todos os lugares possíveis, do pacote legislativo eleitoral por forma a propiciar que tanto governantes como governados ajam de acordo com a lei e não com emoções ou fanatismos partidários.
3. Reiteramos o nosso pedido da necessidade de um Plano Nacional de Desarmamento transparente e participativo incluído na agenda preparatória das próximas eleições.
4. A alta dos preços do petróleo tem propiciado a arrecadação de receitas não previstas pelo Orçamento Geral do Estado. No entanto, preocupante é que o excedente não seja integrado a posteriori nas despesas do Estado, e que as linhas de crédito, por este motivo, possam hipotecar as presentes e as futuras gerações. Pedimos, pois uma maior transparência da gestão dos fundos públicos e um combate mais sério contra a corrupção.
5. Apelamos, uma vez mais, aos partidos políticos e outros agentes eleitorais no sentido de não partidarizarem os lugares de culto.
6. Apelamos ao diálogo entre as forças em conflito na província de Cabinda para que haja paz em todo o país.


Luanda, 9 de Setembro de 2005.-

Os Participantes

Ordenações Episcopais e Tomadas de Posse de Dom Mário Lukunde e Dom Almeida Kanda

Através desta, o Secretariado Nacional de Pastoral da CEAST leva ao conhecimento dos Senhores Arcebispos, Bispos, Sacerdotes, Religiosos e Religiosas, fiéis e homens de boa vontade, da programação das Ordenações e Tomadas de Posse dos novos Bispos:

Dom Mário LUKUNDE (Novo Bispo de Menongue)

Ordenação Episcopal: 9 de Outubro de 2005, na Diocese de Benguela, na Cidade Episcopal com o mesmo nome, junto da Ermida de Nossa Senhora dos Navegantes, no Território Paroquial dos Navegantes, à saída da estrada de Benguela para o Município da Baía-Farta.

Tomada de Posse: 16 de Outubro de 2005 na Sé Catedral de Menongue.


Dom Almeida KANDA (Novo Bispo de Ndalatando)

Ordenação Episcopal: 23 de Outubro de 2005 na Diocese do Uíje, na cidade Episcopal com o mesmo nome.

Tomada de Posse: 20 de Novembro de 2005 na Sé Catedral de Ndalatando.

O Secretariado Nacional de Pastoral renova o pedido da CEAST a que se intensifiquem as orações ao Senhor da Messe pelos novos Pastores da sua grei.

Luanda, 7 de Setembro de 2005

Pe. Pedro Gabriel Tchombela
Director

quarta-feira, agosto 03, 2005

Nomeado novo Bispo da Diocese de menongue

Depois de um ano sem bispo titular e sob a Administração Apostólica de Dom José de Queirós Alves, Arcebispo de Huambo, hoje o Papa Bento XVI nomeou o novo Bispo da Diocese de Menongue. Chama-se Dom Mário Lukunde. O novo Bispo de Menongue nasceu em Tchinhuñgu (Caimbambo), Diocese de Benguela, aos 13 de Maio de 1957. De pais cristãos fervorosos, Jorge Tchimungu (falecido) e Isabel Mbimbi, é o segundo filho entre doze irmãos, e muito cedo recebeu a formação religioso-cistã e ingressou ainda adolescente no Seminário Menor do Quipeio. Depois, como seminarista, foi um dos fundadores do Seminário do Bom Pastor em Benguela (1976). Fez os estudos Filosóficos e Teológicos no Seminário Maior de Cristo Rei no Huambo. Foi ordenado Sacerdote aos 3 de Fevereiro de 1985. Tem um irmão também sacerdote secular de Benguela e uma irmã religiosa do Santíssimo Salvador.
Mário Lukunde exerceu muitas funções na Igreja de Benguela: Pároco da Sé (1985-1987); Prefeito de Disciplina do Seminário Maior de Cristo Rei no Huambo (1990-1992); Pároco de Santo Estêvão (1994-1995); Reitor do Seminário Médio do Propedêutico (1994-1995); Professor de diversas cadeiras de Filosofia e de Teologia no Seminário do Bom Pastor (Benguela) e de Cristo Rei (Huambo) e Reitor do Seminário Maior de Teologia – Bom Pastor - durante 10 anos (1995-2005), portanto, até à data da sua nomeação.
Licenciou-se em Filosofia pela Universidade Pontifícia Gregoriana de 1988 a 1990 e Doutorou-se em Filosofia na mesma Universidade Pontifícia em 1994. Fala Umbundu, Português, Italiano e Francês.

Sobre a data e lugar da sua sagração e de sua tomada de posse, esperamos pelas ulteriores informações da Diocese de Benguela e da CEAST.
Conferir ainda: www.benguela.blogspot.com
www.apostolado.info

Responsável pela notícia:
Pe. Pedro Gabriel Tchombela
Director do Secretariado Nacional de Pastoral e
Coordenador do Secretariado da CEAST

sábado, julho 23, 2005

Monsenhor Kanda é o novo Bispo de Ndalatando

O Papa Bento XVI nomeou hoje o Monsenhor Almeida Kanda, Sacerdote incardinado na Diocese do Uíje, novo Bispo da Diocese de Ndalatando. A nomeação surge por o até então Bispo daquela Diocese, Dom Pedro Luís Scarpa, de nacionalidade italiana, de 80 anos de idade, ter pedido a resignação.
O novo Bispo de Ndalatando nasceu aos 10 de Maio de 1959; ordenou-se sacerdote em 1986; depois da ordenação, trabalhou na Diocese do Uíje até 1994, ano em que foi enviado a Roma para estudar. Doutorou-se em Direito Canónico na Universidade Pontifícia Gregoriana e voltou à Diocese em 1998. Até ao momento da sua nomeação, trabalhava na Diocese como Vigário Geral da Diocese e Director do Secretariado Diocesano de Pastoral.
Teve também experiência Pastoral em outros cargos paroquiais e Diocesanos.
A Rádio Eclesia, Emissora Católica de Angola, noticiou a nomeação às 12.00 horas de hoje.

Emite a informação no blogspot
P. Pedro Gabriel Tchombela

sexta-feira, julho 22, 2005

EM CABINDA, PARÓQUIA ENCERRADA E PÁROCO SUSPENSO

PARÓQUIA ENCERRADA E PÁROCO SUSPENSO EM CABINDA

A medida foi tomada pelo Administrador Apostólico, Dom Eugénio Dal Corso, Bispo de Saurimo, alvo da violenta agressão no dia 18 do corrente, e publicada pelo Núncio Apostólico, Ângelo Becciu, em conferência de imprensa pelo fim da manhã de hoje na Nunciatura Apostólica em Luanda. Trata-se da Paróquia da Imaculada Conceição e do seu pároco, Pe. Jorge Congo.
O texto integral do decreto e outros pronunciamentos podem ler-se no Jornal online da CEAST www.apostolado.info

BISPO AGREDIDO EM CABINDA, 18.07.2005

DECLARAÇÃO DA CEAST SOBRE
A AGRESSÃO AO D. DAL CORSO


Foi com máxima indignação que a Igreja católica recebeu a tristíssima notícia da “agressão física” perpetrada contra a pessoa de Sua Excelência Sr. D. Eugénio Dal Corso, Venerando Bispo de Saurimo e Administrador Apostólico da Diocese de Cabinda.

A agressão ocorreu no dia 18 de Julho - segunda-feira- momentos antes da Celebração da Eucaristia, na Igreja Paroquial da Imaculada Conceição, em Cabinda.
A Igreja solidariza-se com o Senhor Bispo agredido e com todos os fiéis que, com ele, sofrem por mais este acto, manifestando violência grave e altamente condenável.

A Igreja pede que em cada Diocese haja actos religiosos de desagravo pelo sucedido.

Outrossim, insta os distintos membros da CEAST, clero, fiéis e pessoas de boa vontade a participarem na Celebração Eucarística, em Luanda, dia 28 do corrente, às 18h30m, na Igreja de S. Paulo para o desagravo do acto e solidariedade com o Sr. Bispo agredido.

Luanda, 19 de Julho de 2005

O Conselho Permanente da CEAST

quinta-feira, abril 14, 2005

Mensagem para a Jornada Mundial dos MCS

Podemos considerar a morte do Santo Padre João Paulo II e seu funeral um dos mais vivos ícones do fenómeno da globalização. Levantaram-se os 4 cantos do mundo. Alguns chefes de Estado e milhares de pessoas houve que se movimentaram e foram à Praça de São Pedro em Roma. Mas os que ficaram acompanharam também como verdadeiros espectadores até ao pormenor do acontecimento. Tanto os que foram como os que tinham ficado, penso que estão bem informados. Não erramos se afirmarmos que o mundo assistiu ao maior funeral de todos os tempos. Foram os meios de Comunicação Social que levaram a Palavra e a imagem à casa, à vista e ao ouvido da gente.
João Paulo II sempre procurou levar o mundo a concretizar a profecia de Jesus: "o vos digo ao ouvido, proclamai-o sobre os telhados". Os meios de comunicação são imprescidíveis no hoje histórico para a Evangelização.

Pe. Pedro Gabriel Chombela
Director do Secretariado de Pastoral
e Coordenador do Secretariado da CEAST

Segue a mensagem que o nosso Papa defunto nos deixou para o dia Mundial dos meios de Comunicação Social

MENSAGEM DO PAPA JOÃO PAULO II
PARA A 39ª JORNADA MUNDIAL DAS COMUNICAÇÕES SOCIAIS

“Os meios de comunicação: ao serviço da compreensão entre os povos”

Queridos Irmãos e Irmãs

1. Lemos na Carta de São Tiago: “ De uma mesma boca procedem a bênção e a maldição. Não convem, meus irmãos, que seja assim” (Tg 3,10). As Sagradas Escrituras nos recordam que as palavras têm um extraordinário poder para unir as pessoas ou dividi-las, para criar vínculos de amizade ou provocar hostilidade.
Esta não é uma verdade que diz respeito somente ás palavras trocadas entre as pessoas. Aplica-se a toda comunicação, em qualquer lugar em qualquer nível. As modernas tecnologias nos oferecem possibilidades nunca vistas antes para fazer o bem, para difundir a verdade de nossa salvação em Jesus Cristo, e para promover a harmonia e a reconciliação. Por isso mesmo o seu mal uso pode provocar danos enormes, provocando incompreensão, preconceitos e até conflitos. O tema escolhido para a Jornada Mundial das Comunicações Sociais do ano 2005, “ Os Meios de Comunicação ao Serviço da compreensão entre os povos”, assinala uma necessidade urgente: promover a unidade da Família humana através da utilização destes maravilhosos recursos.

2. Um modo importante para se alcançar esta meta é a educação. Os meios podem mostrar a milhões de pessoas como são outras partes do mundo e outras culturas. Por isso são chamados acertadamente “ o primeiro areópago do tempo moderno” para muitos são o principal instrumento informativo e formativo, de orientação e inspiração para os comportamentos individuais, familiares e sociais” (Redemptoris missio, 37). Um conhecimento adequado promove a compreensão, dissipa os preconceitos e desperta o desejo de aprender mais. As imagens, em particular, têm a capacidade de transmitir impressões duradouras e modelar atitudes. Ensinam as pessoas a olharem os membros de outros grupos e nações, exercendo uma influência sutil sobre o modo pelo qual devem ser considerados; como amigos ou inimigos, aliados ou potenciais adversários.
Quando os demais são apresentados em termos hostis , semeiam sementes de conflito que podem facilmente converter-se em violência, guerra, e incluso genocídio. Em vez de construir a unidade e o entendimento, os meios podem ser usados para denegrir os outros grupos sociais, étnicos e religiosos, fomentando o temor e o ódio . Os responsáveis pelo estilo e o conteúdo daquilo que se comunica têm o grave dever de assegurar que isto não suceda. Realmente os meios têm um potencial enorme para promover a paz e construir pontes entre os povos, rompendo o círculo fatal da violência, vingança e as agressões sem fim, tão difundidas em nosso tempo. Nas palavras de São Paulo, que foi a base da mensagem para a Jornada Mundial da Paz deste ano: “ Não te deixes vencer pelo mal, antes vence o mal com o bem” (Rm 12,21).

3. Se esta contribuição à construção da paz é um dos modos significativos de como os meios podem unir as pessoas, têm também grande influência positiva para impulsionar as mobilizações de ajuda em resposta a desastres naturais ou outros. Tem sido comovente ver a rapidez com que a comunidade internacional respondeu ao recente Tsunami, que provocou inúmeras vítimas. A velocidade com que as notícias viajam hoje aumenta a possibilidade de se tomar medidas práticas em tempo útil para oferecer a melhor assistência. Desta maneira, os meios podem conseguir um bem muito grande.

4. O Concilio Vaticano II nos recorda: “ Para o reto uso destes meios é absolutamente necessário que todos os que servem deles conheçam e ponham fielmente em prática neste campo, as normas da ordem moral”. (Inter Mirifica, 4).
O princípio ético fundamental é este : “A pessoa e a comunidade humanas são a finalidade e a medida do uso dos meios de comunicação social : a comunicação deveria realizar-se de pessoa a pessoa, para o desenvolvimento integral das mesmas” (Ética nas comunicações sociais, 21). Assim sendo, são os comunicadores que devem em primeiro lugar colocar em pratica nas suas vidas os valores e atitudes que são chamados a cultivar nos demais. Antes de tudo deve se incluir um autêntico compromisso com o bem comum, um bem que não se reduza aos estreitos interesses de um grupo particular ou nação, se não que acolha as necessidades e interesses de todos, o bem da família humana ( cf. Pacem in Terris,132). Os comunicadores têm a oportunidade de promover uma autêntica cultura da vida, distanciando-se da atual conjuntura contra a vida (cf. Evangelium vitae, 17) transmitindo a verdade sobre o valor e a dignidade de toda pessoa humana.

5. O modelo e a pauta de toda comunicação encontra-se no próprio Verbo de Deus “ de muitos modos falou Deus a nossos pais por meio dos profetas; nestes últimos tempos nos falou por meio do seu Filho” (Heb 1,1). O Verbo encarnado estabeleceu uma nova aliança entre Deus e seu povo, uma aliança que também nos une, convertendo-nos em comunidade. “ De fato, ele é a nossa paz: de dois povos fez um só povo, em sua carne derrubando o muro da inimizade que os separava (Ef 2,14)
Minha Oração na Jornada Mundial das Comunicações Sociais deste ano é que os homens e as mulheres dos meios de comunicação assumam seu papel para derrubarem os muros da divisão e a inimizade em nosso mundo, muros que separam os povos e as nações entre si e alimentam a incompreensão e a desconfiança. Oxalá usem os recursos que têm a sua disposição para fortalecer os vínculos de amizade e amor que são sinais claros do nascente Reino de Deus aqui na terra.

Desde o Vaticano, 24 de janeiro de 2005, festa de São Francisco de Sales.

JOANNES PAULUS II

Mensagem para o dia da Oração pelas Vocações

Fervorosos na fé, persistentes na oração e animados na esperança, queremos dar resposta agradável a Deus pela vida que nos deu e pelos desígnios sacrossantos que vai permitindo que se realizem na nossa história. E ainda, neste período de "Sé Vacante", o nosso ânimo se justifica muito mais, porque é momento em que Deus olha para a terra e para a sua Igreja e lhe prepara um Pastor que enquanto uns querem clone de João Paulo II, nós dizemos um pastor à altura dos desígnios e correspondências com a vontade do Espírito Santo.
O nosso Papa João Paulo II antes da sua morte já nos deixou a mensagem do dia das vocações. E rezamos que ele seja de imediato a semente de muitas e santas vocações nesta Angola que em 1992 pisou.

Pe. Pedro Gabriel Tchombela
Director do Secretariado de Pastoral e
Coordenador do Secretariado da CEAST

MENSAGEM DO PAPA JOÃO PAULO II
EM PERSPECTIVA DO 42º DIA MUNDIAL DE ORAÇÕES PELAS VOCAÇÕES
17 de abril de 2005

"Chamados a fazermo-nos ao largo"

Veneráveis Irmãos no Episcopado,caríssimos Irmãos e Irmãs!

1. "Duc in altum"! No início da Carta apostólica Novo millennio ineunte referi-me às palavras com que Jesus exorta os primeiros discípulos a lançar as redes para uma pesca que se revelará milagrosa. Disse ele a Pedro: "Duc in altum - Faz-te ao largo" " (Lc 5, 4); "Pedro e os primeiros companheiros confiaram na palavra de Cristo e lançaram as redes" (Novo millennio ineunte, 1).
É este episódio evangélico familiar que serve de cenário para o próximo Dia de Oração pelas Vocações, que tem como tema: "Chamados a fazermo-nos ao largo". Trata-se de uma ocasião privilegiada para reflectir sobre o chamamento a seguir Jesus e, em particular, a segui-l’O no caminho do sacerdócio e da vida consagrada.

2. "Duc in altum!" A ordem de Cristo é particularmente actual para o nosso tempo, no qual se difunde uma certa mentalidade que favorece a falta de compromisso pessoal face às dificuldades. A primeira condição para "se fazer ao largo" é cultivar um profundo espírito de oração, alimentado pela escuta diária da Palavra de Deus. A autenticidade da vida cristã mede-se pela profundidade da oração, arte esta que se aprende humildemente "dos próprios lábios do Mestre divino, como que implorando, como os primeiros discípulos: ‘Senhor, ensina-nos a orar!’ (Lc 11, 1). Na oração, fomenta-se aquele diálogo com Cristo que faz de nós seus amigos íntimos: ‘Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós’ (Jo 15, 4)" (Novo millennio ineunte, 32).
A união com Cristo através da oração torna-nos capazes de nos apercebermos da sua presença, mesmo nos momentos de aparente fracasso, quando todos os esforços parecem inúteis, tal como aconteceu com os próprios Apóstolos, os quais, depois de se terem afadigado durante toda a noite, exclamaram: "Mestre, não pescámos nada" (Lc 5, 5). É precisamente em tais momentos que se deve abrir o coração às ondas da graça, permitindo que a palavra do Redentor possa agir em nós com todo o seu poder: "Duc in altum!" (cf. Novo millennio ineunte, 38).

3. Quem abre o seu coração a Cristo não só compreende o mistério da sua própria existência, mas também o da sua própria vocação e amadurece excelentes frutos de graça. Destes, o primeiro é crescimento na santidade através de um caminho espiritual que, iniciando-se com a graça do Baptismo, prossegue até chegar à sua plena consecução: a caridade perfeita (cf. ivi, 30). Vivendo o Evangelho "sem glosas", o cristão torna-se cada vez mais capaz de amar ao jeito de Cristo, acolhendo a sua exortação: "Sede perfeitos, como o vosso Pai do céu é perfeito" (Mt 5, 48). Empenha-se em perseverar na unidade com os irmãos dentro da comunhão eclesial e põe-se ao serviço da nova evangelização para proclamar e testemunhar a verdade maravilhosa do amor salvífico de Deus.

4. Queridos adolescentes e jovens, é a vós que, de modo particular, renovo o convite de Cristo a "fazer-se ao largo". Vós encontrais-vos perante o imperativo de fazer opções decisivas em ordem ao vosso futuro. Conservo no coração a recordação das numerosas ocasiões em que em anos passados me encontrei com os jovens, entretanto já adultos e, até mesmo, pais de alguns de vós, ou sacerdotes ou religiosos e religiosas ou vossos educadores na fé. Vi-os alegres, como os jovens o devem ser, mas também pensativos, porque tomados pelo desejo de dar pleno "sentido" à sua existência. Compreendi cada vez melhor quão forte é no coração das novas gerações a atracção pelos valores do Espírito, como é sincero o seu desejo de santidade. Os jovens precisam de Cristo, mas sabem também que Cristo quis precisar deles.
Caríssimos jovens, amigos e amigas! Confiai-vos a Ele, escutai os seus ensinamentos, fixai o vosso olhar no seu rosto, perseverai na escuta da sua Palavra. Deixai que seja Ele a orientar cada uma das vossa buscas e das vossas aspirações, cada um dos vossos ideais e dos desejos do vosso coração.

5. Dirijo-me agora a vós, queridos pais e educadores cristãos, a vós, queridos sacerdotes, consagrados e catequistas. Deus confiou-vos a peculiar missão de conduzir a juventude no caminho da santidade. Sede para eles exemplo de uma generosa fidelidade a Cristo. Encorajai-os a não hesitar em "fazerem-se ao largo", respondendo sem delongas ao convite do Senhor. Ele chama, alguns à vida familiar, outros à vida consagrada ou ao ministério sacerdotal. Ajudai-os a saber discernir o seu caminho e a passarem a ser amigos verdadeiros de Cristo e seus autênticos discípulos. Quando os adultos, que têm fé, sabem, com as suas palavras e o seu exemplo, tornar visível o rosto de Cristo, os jovens prontificam-se mais facilmente a acolher a sua mensagem exigente, marcada pelo mistério da Cruz.
Mas depois não vos esqueçais que, também hoje, precisamos de sacerdotes santos, de almas totalmente consagradas ao serviço de Deus! Por isso, gostaria de vos repetir mais uma vez: "É urgente e necessário estruturar uma pastoral vocacional, ampla e detalhada, que envolva as paróquias, os centros de educação, as famílias, suscitando uma reflexão mais atenta aos valores essenciais da vida, cuja síntese decisiva reside na resposta que cada um é convidado a dar ao chamamento de Deus, especialmente quando este pede a total doação de si mesmo e das suas próprias forças à causa do Reino" (Novo millennio ineunte, 46).
A vós, jovens, repito a palavra de Jesus: "Duc in altum!". Ao propor novamente este seu apelo, penso ao mesmo tempo nas palavras que Maria, sua Mãe, dirigiu aos empregados, em Caná da Galileia: "Fazei tudo o que Ele vos disser" (Jo 2, 5). Queridos jovens, Cristo pede-vos a vós que aceiteis "fazer-vos ao largo" e a Virgem Maria anima-vos a não hesitardes em segui-l’O.

6. Suba de cada canto da terra ao Pai celeste, sustentada pela intercessão materna de Nossa Senhora, a ardente prece para obter "operários para a sua seara"(Mt 9, 38). Que Ele se digne conceder sacerdotes fervorosos e santos a cada porção do seu rebanho. Apoiando-nos em tal certeza, dirijamo-nos a Cristo, Sumo Sacerdote, dizendo-lhe com renovada confiança:
Jesus, Filho de Deus,em quem habita toda a plenitude da divindade,Vós chamais todos os baptizados a "fazerem-se ao largo",percorrendo o caminho da santidade.Despertai no coração dos jovenso desejo de serem no mundo de hojetestemunhas da força do Vosso amor.Enchei-os do Vosso Espírito de fortaleza e de prudênciapara que sejam capazes descobrira verdade plena sobre sie sobre a sua própria vocação.
Ó nosso Salvador,enviado pelo Paipara nos revelar o seu amor misericordioso,concedei à vossa Igrejao dom de jovens prontos a fazerem-se ao largopara serem entre os irmãos uma manifestaçãoda Vossa presença salvífica e renovadora.
Virgem Santa, Mãe do Redentor,guia segura no caminho para Deus e para o próximo,Vós que guardastes as suas palavras no íntimo do coração,protegei com a Vossa intercessão maternaas famílias e as comunidades eclesiais,para que estas saibam ajudar os adolescentes e os jovensa responder com generosidade ao chamamento do Senhor.
Amen.

De Castelo Gandolfo, 11 Agosto 2004

IOANNES PAULUS II

sábado, abril 02, 2005

Morreu o Papa João Paulo II

Vaticano anuncia a morte do Papa João Paulo II

CIDADE DO VATICANO (Reuters) – O papa João Paulo II morreu neste sábado, anunciou o Vaticano.
O Sumo Pontífice de 84 anos de idade, que chefiou a Igreja Católica Romana por 26 anos e 5 meses, morreu às 21h37 da Itália e 20h37 de Angola, informou um comunicado do Vaticano.

Várias cadeias televisivas e radiofónicas do mundo emitiram em directo a notícia da morte do Santo Padre, a partir da Praça de São Pedro, em Roma.

Angola
A Igreja Católica em Angola será convidada por um comunicado oficial da Nunciatura Apostólica e da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) a observar um tempo de oração intensa pelo Papa, enquanto se espera pelas movimentações da Santa Sé sobre ulteriores procedimentos das exéquias daquele que foi o grande Pastor e amigo das crianças, Jovens, homens, mulheres, em suma, Católicos e da gente de boa vontade.

Pe. Pedro Gabriel Tchombela
Director do Secretariado Nacional de Pastoral
E Coordenador do Secretariado da CEAST

Morreu o Papa João Paulo II

Vaticano anuncia a morte do Papa João Paulo II

CIDADE DO VATICANO (Reuters) – O papa João Paulo II morreu neste sábado, dia 2 de Abril de 2005, anunciou o Vaticano.

O Sumo Pontífice de 84 anos de idade, que chefiou a Igreja Católica Romana por 26 anos e 5 meses, morreu às 21h37 da Itália e 20h37 de Angola, informou um comunicado do Vaticano.
Várias cadeias televisivas e radiofónicas do mundo emitiram em directo a notícia da morte do Santo Padre, a partir da Praça de São Pedro, em Roma.

Angola
A Igreja Católica em Angola será convidada por um comunicado oficial da Nunciatura Apostólica e da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) a observar um tempo de oração intensa pelo Papa, enquanto se espera pelas movimentações da Santa Sé sobre ulteriores procedimentos das exéquias daquele que foi o grande Pastor e amigo das crianças, Jovens, homens, mulheres, em suma, dos Católicos e da gente de boa vontade.

Pe. Pedro Gabriel Tchombela
Director do Secretariado Nacional de Pastoral
E Coordenador do Secretariado da CEAST

Vaticano anuncia a morte do Papa João Paulo II

Vaticano anuncia a morte do Papa João Paulo II

CIDADE DO VATICANO (Reuters) – O papa João Paulo II morreu neste sábado, anunciou o Vaticano.
O Sumo Pontífice de 84 anos de idade, que chefiou a Igreja Católica Romana por 26 anos e 5 meses, morreu às 21h37 da Itália e 20h37 de Angola, informou um comunicado do Vaticano.
Várias cadeias televisivas e radiofónicas do mundo emitiram em directo a notícia da morte do Santo Padre, a partir da Praça de São Pedro, em Roma.
A Igreja Católica em Angola será convidada por um comunicado oficial da Nunciatura Apostólica e da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) a observar um tempo de oração intensa pelo Papa, enquanto se espera pelas movimentações da Santa Sé sobre ulteriores procedimentos das exéquias daquele que foi o grande Pastor e amigo das crianças, Jovens, homens, mulheres, em suma, Católicos e da gente de boa vontade.

Pe. Pedro Gabriel Tchombela
Director do Secretariado Nacional de Pastoral
E Coordenador do Secretariado da CEAST

sexta-feira, março 18, 2005

CARTA DO SANTO PADRE POR OCASIÃO DA QUINTA-FEIRA SANTA DE 2005

CARTA DO SANTO PADRE
JOÃO PAULO II
AOS SACERDOTES
POR OCASIÃO DA
QUINTA-FEIRA SANTA DE 2005

Queridos sacerdotes!
1. Neste Ano da Eucaristia, sinto uma particular alegria em encontrar-me espiritualmente convosco, como sucede anualmente, por ocasião da Quinta-feira Santa, o dia do amor de Cristo levado « até ao extremo » (cf. Jo 13, 1), o dia da Eucaristia, o dia do nosso sacerdócio.

Dirijo-me a vós, sacerdotes, durante um período de tratamento e recuperação que tive de passar no hospital, doente entre os doentes, unindo, na Eucaristia, o meu sofrimento ao de Cristo. Neste espírito, quero reflectir convosco sobre alguns aspectos da nossa espiritualidade sacerdotal.

Irei fazê-lo, deixando-me guiar pelas palavras da instituição da Eucaristia, as mesmas que diariamente pronunciamos, in persona Christi, para tornar presente sobre os nossos altares o sacrifício realizado uma vez por todas no Calvário; é que de tais palavras brotam indicações de espiritualidade sacerdotal muito elucidativas: se toda a Igreja vive da Eucaristia, a existência sacerdotal deve a título especial tomar « forma eucarística ». Por isso, as palavras da instituição devem ser, para nós, não apenas uma fórmula de consagração, mas uma « fórmula de vida ».

Uma existência profundamente « agradecida »
2. « Tibi gratias agens benedixit... ». Em cada Missa, recordamos e revivemos o primeiro sentimento expresso por Jesus quando partiu o pão: o sentimento de acção de graças. O agradecimento é a atitude que está na base do próprio termo « Eucaristia ». Dentro deste gesto de gratidão, vem confluir toda a espiritualidade bíblica do louvor pelas mirabilia Dei. Deus ama-nos, precede-nos com a sua Providência, acompanha-nos com intervenções contínuas de salvação.

Na Eucaristia, Jesus agradece ao Pai connosco e por nós. Como poderia esta acção de graças de Jesus deixar de plasmar a vida do sacerdote? Este sabe que deve cultivar um espírito constantemente agradecido pelos numerosos dons recebidos ao longo da sua existência, particularmente pelo dom da fé, da qual se tornou arauto, e pelo dom do sacerdócio, que o consagra inteiramente ao serviço do Reino de Deus. Temos as nossas cruzes — e não somos certamente os únicos a havê-las! — mas os dons recebidos são tão grandes que não podemos deixar de cantar, do fundo do coração, o nosso Magnificat.

Uma existência « doada »
3. « Accipite et manducate... Accipite et bibite... ». A auto-doação de Cristo, que tem a sua fonte na vida trinitária do Deus-Amor, atinge a sua expressão mais alta no sacrifício da Cruz, cuja antecipação sacramental é a Última Ceia. Não é possível repetir as palavras da consagração sem sentir-se implicado neste movimento espiritual. Em certo sentido, o sacerdote deve aprender a dizer, com verdade e generosidade, também de si próprio: « tomai e comei ». De facto, a sua vida tem sentido, se ele souber fazer-se dom, colocando-se à disposição da comunidade e ao serviço de qualquer pessoa que passe necessidade.

Era isto precisamente que Jesus esperava dos seus apóstolos, como sublinha o evangelista João ao narrar o lava-pés. O mesmo espera do sacerdote o Povo de Deus. Pensando bem, a obediência, a que ele se comprometeu no dia da Ordenação e cuja promessa é convidado a renovar na Missa Crismal, é ilustrada por esta relação com a Eucaristia. Obedecendo por amor, renunciando mesmo a legítimos espaços de liberdade quando se trata de aderir a um autorizado discernimento dos Bispos, o sacerdote realiza na própria carne aquele « tomai e comei » de Cristo, quando, na Última Ceia, Se entregou a Si próprio à Igreja.

Uma existência « salvada » para salvar
4. « Hoc est enim corpus meum quod pro vobis tradetur ». O corpo e o sangue de Cristo são entregues para a salvação do homem, do homem todo e de todos os homens. É uma salvação integral e simultaneamente universal, porque não há homem — salvo livre acto de recusa — que esteja excluído da força salvadora do sangue de Cristo: « qui pro vobis e pro multis effundetur ». Trata-se dum sacrifício oferecido por « muitos », como se lê no texto bíblico (Mc 14, 24; Mt 26, 28; cf. Is 53, 11-12) com uma típica figura literária semita que, aliando dois opostos — no nosso caso, a multidão abrangida pela salvação e um só, Cristo, que a realizou —, indica a totalidade do seres humanos aos quais a salvação é oferecida: é sangue « derramado por vós e por todos », como legitimamente se explicita nalgumas traduções. A carne de Cristo é realmente entregue « pela vida do mundo » (Jo 6, 51; cf. 1 Jo 2, 2).

Ao repetirmos, num silencioso recolhimento da assembleia litúrgica, as venerandas palavras de Cristo, nós, sacerdotes, tornamo-nos arautos privilegiados deste mistério de salvação. Mas como podemos sê-lo eficazmente, sem nos sentirmos nós mesmos salvados? Nós somos os primeiros cujo íntimo é alcançado pela graça, que, libertando-nos das nossas fragilidades, nos faz gritar « Abbá, Pai », com a confiança própria de filhos (cf. Gal 4, 6; Rm 8, 15). E isto obriga-nos a avançar no caminho da perfeição. De facto, a santidade é a manifestação plena da salvação. Só vivendo como salvados é que nos tornamos arautos credíveis da salvação. Por outro lado, cada vez que tomamos consciência da vontade de Cristo de oferecer a todos a salvação, não pode deixar de se reavivar no nosso espírito o ardor missionário, incitando cada um de nós a fazer-se « tudo, para todos, para salvar alguns a todo o custo » (1 Cor 9, 22).

Uma existência « evocativa »
5. « Hoc facite in meam commemorationem ». Estas palavras de Jesus foram conservadas por Lucas (22, 19) e também por Paulo (1 Cor 11, 24). O contexto em que foram pronunciadas — é bom tê-lo presente — é o da ceia pascal, que, para os hebreus, era precisamente um « memorial » (zikkarôn, em hebraico). Naquela circuns- tância, os israelitas reviviam antes de mais nada o Êxodo, mas, com ele, lembravam também os outros acontecimentos importantes da sua história: a vocação de Abraão, o sacrifício de Isaac, a aliança do Sinai, as numerosas intervenções de Deus em defesa do seu povo. Também para os cristãos a Eucaristia é « memorial », e numa medida incomparável: não se limita a recordar, mas actualiza sacramentalmente a morte e ressurreição do Senhor.

Além disso queria sublinhar que Jesus disse: « Fazei isto em memória de Mim ». Por isso, a Eucaristia não recorda simplesmente um facto; recorda-o a Ele! Para o sacerdote, o facto de repetir cada dia, in persona Christi, as palavras do « memorial » é um convite a desenvolver uma « espiritualidade da memória ». Num tempo de rápidas mudanças culturais e sociais que afrouxam o sentimento da tradição e deixam, sobretudo as novas gerações, expostas ao risco de perderem a ligação com as próprias raízes, o sacerdote é chamado a ser, na comunidade que lhe está confiada, o homem com a memória fiel de Cristo e de todo o seu mistério: a sua prefiguração no Antigo Testamento, a sua realização no Novo, o seu aprofundamento progressivo sob a guia do Espírito, segundo esta promessa explícita: Ele « ensinar-vos-á todas as coisas e vos recordará tudo o que vos tenho dito » (Jo 14, 26).

Uma existência « consagrada »
6. « Mysterium fidei! ». Com esta exclamação, o sacerdote exprime, depois de cada vez que consagra o pão e o vinho, o seu assombro sempre renovado pelo prodígio extraordinário que se realizou nas suas mãos. É um prodígio que só os olhos da fé podem enxergar. Os elementos naturais não perdem as suas características externas, dado que as « espécies » continuam a ser as do pão e do vinho; mas a sua « substância », pelo poder da palavra de Cristo e da acção do Espírito Santo, converte-se na substância do corpo e do sangue de Cristo. Assim, sobre o altar, está « verdadeira, real e substancialmente » presente Cristo morto e ressuscitado, com toda a sua humanidade e divindade. Trata-se, portanto, de realidade eminentemente sagrada! Por isso, a Igreja circunda de tanta reverência este Mistério, e vigia atentamente por que sejam observadas as normas litúrgicas que tutelam a santidade de tão grande Sacramento.

Nós, sacerdotes, somos os celebrantes, mas também os guardiões deste sacrossanto Mistério. Da nossa relação com a Eucaristia deriva também a exigência da condição « sagrada » da nossa vida, que deve transparecer em todo o nosso modo de ser, e primariamente no modo de celebrar. Para isso, vamos à escola dos Santos! Este Ano da Eucaristia convida-nos a redescobrir os Santos que deram provas duma devoção particularmente intensa à Eucaristia (cf. Carta Apostólica Mane nobiscum Domine, 31). Disso mesmo, deram exemplar testemunho muitos sacerdotes beatificados e canonizados, suscitando grande fervor nos fiéis que presenciavam as suas Missas. Muitos se distinguiram por uma prolongada adoração eucarística. Permanecer diante de Jesus Eucaristia, valer-se, em certo sentido, das nossas « solidões » para enchê-las desta Presença, significa conferir à nossa consagração todo o calor da intimidade com Cristo, donde recebe alegria e sentido a nossa vida.

Uma existência voltada para Cristo
7. « Mortem tuam annuntiamus, Domine, et tuam resurrectionem confitemur, donec venias ». Sempre que celebramos a Eucaristia, a memória de Cristo no seu mistério pascal torna-se anseio do encontro pleno e definitivo com Ele. Vivemos na expectativa da sua vinda. Na espiritualidade sacerdotal, esta tensão deve ser vivida sob a forma própria da caridade pastoral, que nos obriga a viver no meio do Povo de Deus para orientar o seu caminho e nutrir a sua esperança. Trata-se duma tarefa que requer do sacerdote uma atitude interior semelhante à que o apóstolo Paulo vivia dentro de si mesmo: « Esquecendo-me do que fica para trás e avançando para o que está adiante, prossigo em direcção à meta... » (Fil 3, 13-14). O sacerdote é alguém que, não obstante o passar dos anos, continua a irradiar juventude, de certo modo « contagiando » com ela as pessoas que encontra no seu caminho. O seu segredo está na « paixão » que sente por Cristo. São Paulo dizia: « Para mim, o viver é Cristo » (Fil 1, 21).

Sobretudo no contexto da nova evangelização, as pessoas têm direito de dirigir-se aos sacerdotes com a esperança de « ver » a Cristo neles (cf. Jo 12, 21). Sentem necessidade disso particularmente os jovens, que Cristo continua a chamar a Si para fazer deles seus amigos e propor a alguns a doação total à causa do Reino. Não hão-de certamente faltar as vocações, se subirmos de tom a nossa vida sacerdotal, se formos mais santos, mais alegres, se nos mostrarmos mais apaixonados no exercício do nosso ministério. Um sacerdote « conquistado » por Cristo (cf. Fil 3, 12) pode mais facilmente « conquistar » outros para a opção de fazerem a mesma aventura.

Uma existência « eucarística » na escola de Maria
8. Muito íntima é a relação da Virgem Santíssima com a Eucaristia, como recordei na encíclica Ecclesia de Eucharistia (cf. nn. 53-58). Todas as anáforas eucarísticas, embora na sobriedade própria da linguagem litúrgica, sempre o sublinham. Assim, no Cânone Romano, dizemos: « Em comunhão com toda a Igreja veneramos a memória da gloriosa sempre Virgem Maria, Mãe do nosso Deus e Senhor Jesus Cristo ». Noutras Orações Eucarísticas, como por exemplo na II Anáfora, a veneração transforma-se em súplica: « Dai-nos a graça de participar na vida eterna, com a Virgem Maria, Mãe de Deus ».

Ao insistir nestes anos sobre a contemplação do rosto de Cristo — especialmente nas cartas apostólicas Novo millennio ineunte (cf. nn. 23ss.) e Rosarium Virginis Mariæ (cf. nn. 9ss.) — indiquei Maria como a mestra mais experimentada. Depois, na encíclica sobre a Eucaristia, apresentei-a como « Mulher eucarística » (cf. n. 53). Quem pode, melhor do que Maria, fazer-nos saborear a grandeza do mistério eucarístico? Ninguém pode, como Ela, ensinar-nos com quanto fervor devemos celebrar os santos Mistérios e determo-nos em companhia do seu Filho escondido sob as espécies eucarísticas. Por isso, a Ela vos recordo a todos, entrego-Lhe especialmente os mais idosos, os doentes, quantos se encontram em dificuldade. Nesta Páscoa do Ano da Eucaristia, apraz-me fazer ressoar para cada um de vós a doce e reconfortante declaração de Jesus: « Eis a tua Mãe » (Jo 19, 27).

Com estes sentimentos, de coração vos abençoo a todos, desejando-vos uma profunda alegria pascal.

Da Policlínica Gemelli em Roma, 13 de Março – V domingo da Quaresma – do ano 2005, vigésimo sétimo de Pontificado.

JOÃO PAULO II